O ano de 2023 se mostrou, mais uma vez, um ano de desafios para o setor de saúde. Especificamente na área da medicina diagnóstica houve transformações que impactaram as empresas, como a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 786/2023, que dispõe sobre os novos requisitos técnico-sanitários para o funcionamento de laboratórios clínicos. Com ela, vieram novos desafios, oportunidades e necessidades de adequações para estar em conformidade. Some-se a isso, ainda, o aumento da competitividade e a evolução das novas tecnologias.
Mas foi um ano de aprendizados, e um deles, pontua Milva Pagano, diretora-executiva da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), foi a crescente importância da tecnologia para a melhoria da qualidade e da eficiência dos serviços, especialmente para a sustentabilidade de toda a cadeia da saúde, já que a tecnologia aprimora e acelera processos, além de reduzir custos. “Esse aprimoramento se torna ainda mais necessário em vista da crescente demanda por serviços de medicina diagnóstica, impulsionada pelo envelhecimento populacional e pelo aumento da prevalência de doenças crônicas.”
Outro destaque foi a necessidade de integração entre os diferentes atores do setor, como laboratórios, hospitais, operadoras de saúde, médicos, indústria, entidades e governo, para que as melhorias possam impactar o sistema como um todo. Segundo Milva, essa integração se torna ainda mais importante devido aos problemas enfrentados pelo setor, como o aumento da sinistralidade.
“Neste ano, firmou-se ainda mais o papel estratégico da medicina diagnóstica, pois, em meio ao aumento de custos na área de saúde, os serviços oferecidos pelos laboratórios de imagem e análises clínicas são a fonte mais econômica e menos invasiva de se obter informações objetivas sobre o estado de saúde do paciente. Outro aprendizado foi sobre a necessidade de ampliação das iniciativas ESG. Embora as atividades variem, há espaço para melhorias em termos de eficiência no uso de recursos naturais, diversidade no quadro de colaborares, equidade de gênero e outras ações.”
Oportunidades e desafios para 2024
Milva destaca como principais desafios para o setor de medicina diagnóstica em 2024 a sustentabilidade financeira, em um cenário de crescente concorrência, aumento de custos e de redução de margens; a fiscalização do setor, em vista da nova RDC 786, para garantir a segurança dos pacientes, com a realização de exames de análises clínicas em laboratórios; e o combate às fraudes no sistema de saúde suplementar.
Mas apesar desses desafios, em um primeiro momento, exigirem ações importantes para serem superados, o próximo ano deve ser positivo para as empresas do setor, pois há espaço para muitas oportunidades. Por exemplo, o crescimento da demanda por serviços de medicina diagnóstica; o surgimento de novas tecnologias, que podem permitir a redução de custos e a melhoria da qualidade dos serviços; a expansão da telemedicina, que pode aumentar o acesso aos serviços do segmento; o desenvolvimento da interoperabilidade, para a integração de dados entre os atores da cadeia de saúde; e a expansão do 5G, que pode aumentar o acesso à saúde em lugares remotos.
Isso ajuda a tornar o cenário mais positivo para 2024, pois não se pode deixar de lado o papel que a medicina diagnóstica exerce no setor de saúde, uma vez que cerca de 70% das decisões médicas se baseiam em resultados de exames laboratoriais. Segundo dados da 5ª edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, os laboratórios associados realizaram mais de 720 milhões de exames de diagnóstico em 2022, um aumento de 9,5% em relação a 2021.
Tendências: o que deve vir pela frente em 2024
Entre as principais tendências para o setor de medicina diagnóstica em 2024, na opinião de Milva, destacam-se:
- A crescente importância da medicina personalizada, que permite o tratamento de pacientes de forma individualizada;
- O avanço da medicina de precisão, que utiliza a tecnologia para identificar biomarcadores que podem ser utilizados para o diagnóstico e o tratamento de doenças;
- A adoção de novas tecnologias, como inteligência artificial, big data e 5G, que podem melhorar a eficiência e a eficácia dos serviços de medicina diagnóstica.
Devem ganhar destaque, ainda, o desenvolvimento de novos testes de diagnóstico molecular, que são mais precisos e sensíveis do que os testes tradicionais; e a introdução de novas tecnologias de imagem.
“Vale ressaltar que telessaúde, telepatologia e telerradiologia estão sendo amplamente adotadas. Além disso, muitas empresas estão aderindo a modelos de atendimento móvel, levando a medicina diagnóstica diretamente aos pacientes.”
Na opinião de Milva, o setor deve eleger como prioridades para 2024 o investimento em tecnologia, para melhorar a eficiência e a eficácia dos serviços; buscar a integração com os diferentes atores para otimizar a cadeia de valor; e investir na qualificação dos profissionais para atender às demandas do mercado.
Mais eficiência operacional
No Grupo Sabin, a busca por novos marcos em eficiência operacional e pela melhoria da experiência do cliente com os serviços, tanto nas plataformas digitais quanto nos serviços presenciais, deve continuar norteando as ações da empresa no próximo ano.
Lídia Abdalla, CEO do Grupo, diz que a empresa seguirá priorizando áreas estratégicas, como a genômica, além de maximizar a eficiência operacional dos investimentos feitos nos últimos dez anos. “O setor de saúde tem se transformado rapidamente, repleto de novos desafios, e nós acompanhamos esse movimento de forma muito eficiente e consistente. Este ano, revisitamos nossa história no mercado e entendemos que estávamos diante da oportunidade de viver um novo momento. Foi assim que decidimos lançar a marca corporativa Grupo Sabin, concretizando nosso protagonismo em diversas frentes, por meio da integração dos nossos negócios e fortalecendo nosso posicionamento como ecossistema de saúde.”
Lídia acredita que 2024 será um ano de muitas oportunidades e novidades no segmento. “Estamos acompanhando os avanços tecnológicos, agregando mais valor às nossas entregas para que cada vez mais estejamos prontos para os desafios, investindo em soluções para cuidar da saúde, não só do diagnóstico, mas da predição e prevenção de doenças”, conclui.
Atento a novos grupos de usuários
Diante do crescimento no número de usuários de planos de saúde vindo, principalmente, da base da pirâmide, o Grupo Fleury está investindo em marcas de laboratórios que atendem a esse público. Em 2022, a companhia entrou no segmento básico de planos de saúde. “A estratégia de proximidade e parceria com as fontes pagadoras tem se mostrado consistente e proporcionou a criação de novos modelos de contratos e negociações, gerando a ampliação do acesso a novos beneficiários para as marcas do Grupo em mais de 1 milhão de vidas. Esse é um mercado estimado em aproximadamente R$ 22 bilhões por ano e permite a ampliação do mercado endereçável do Grupo em mais de 50%”, detalha Edgar Gil Rizzatti, presidente de Unidades de Negócios Médico, Técnico, de Hospitais e Novos Elos do Grupo Fleury.
Segundo ele, o Grupo aposta também na medicina diagnóstica B2C, que permanece como uma robusta avenida de crescimento. “Nesse segmento, registramos um crescimento de 3,1% no pro forma, totalizando R$ 462,6 milhões de receita bruta. Seguimos com disciplina o processo de integração com o Grupo Pardini, capturando sinergias, reforçando a complementariedade de negócios B2C e B2B e construindo uma única cultura que valoriza o foco nos clientes.”
Reportagem e texto: Cristina Balerini