A Saúde Digital já é uma realidade para a gestão da Saúde Pública no Brasil e a cidade de Votuporanga, no interior de São Paulo, é o mais recente exemplo de como é possível adotar a tecnologia para ampliar o acesso ao SUS de forma mais humanizada.
Votuporanga adotou duas soluções importantes para a integração dos dados pela gestão da Saúde Pública: o Global Health e o Personal Health, ambas da MV, multinacional focada na Transformação Digital da Saúde no Brasil e América Latina. E juntas, elas oferecem aos cidadãos e profissionais de Saúde toda a informação necessária para um cuidado médico seguro e de qualidade em qualquer unidade de Saúde do município.
Por que Votuporanga?
“A ideia é permitir que todo paciente atendido no sistema de Saúde Pública da cidade tenha acesso aos dados, na palma da mão. E, para isso, foi preciso desenvolver um novo padrão de visualização do prontuário em todos os diferentes sistemas, com uma interface que fosse de conhecimento de qualquer médico, independentemente do local onde ele estivesse atendendo, seja na unidade de atendimento como a Santa Casa ou no Ambulatório Médico de Especialidades (AME), que também fica em Votuporanga.”, informa Emerson Zarour, diretor de inovação da MV.
A escolha da cidade para um projeto como esse foi igualmente importante. Votuporanga tem 96 mil habitantes e pertence a uma regional de Saúde formada por 17 municípios próximos a São José do Rio Preto que, juntos, acolhem cerca de 200 mil pessoas. Tem sido, portanto, um projeto robusto e desafiador planejar a transição da gestão para a Saúde Digital.
“A cidade possui uma atenção primária já bem consolidada, embora a gente permaneça buscando mais acesso e oportunidades”, diz Ivonete Félix do Nascimento, secretária de Saúde do município, contando que são 22 equipes de Estratégia de Saúde de Família já atuantes, com outras dez sendo registradas, além de três equipes no formato de Atenção Primária. Além disso, a cidade possui uma unidade do Samu, uma UPA, um Centro de Especialidade Odontológica (CEO), um Serviço de Atenção às doenças Infectocontagiosas (SAI), dois Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), um ambulatório de saúde mental e um banco de leite humano. E tudo agora está conectado em um único sistema de gestão da saúde pública.
A tecnologia na prática
Em Votuporanga, qualquer profissional de Saúde que acessar o prontuário de um paciente, entrará no mesmo sistema. E nessa folha de rosto única do PEP, tem sido possível incluir dados relevantes ao histórico de Saúde, como as características físicas do paciente, suas comorbidades, uma lista de medicamentos que estão em uso, bem como alergias e sinais vitais. A ideia é que tanto o paciente quanto o médico possam acompanhar de perto qualquer progressão.
Mas, além de todos esses novos inputs no sistema, outro desafio foi necessário à tecnologia: trazer todo o legado dos últimos anos para ser consultado no sistema atual. “Com isso, chegamos a marca de 2,6 milhões de documentos clínicos; 1,6 milhão de exames homologados em sistema, além de 211 mil usuários únicos do Personal Health, reunindo informações que certamente vão se refletir em maior acesso”, explica Zarour.
O Personal Health, aliás, é o aplicativo que todo morador da cidade pode baixar para ter acesso a seu histórico e certamente é o maior benefício de um projeto como este: “Nele, dá para acompanhar graficamente os exames laboratoriais, além do histórico de consultas”, conta Zarour.
Com tanta informação útil acessível, a cidade já pode até pensar em criar linhas de cuidado a pacientes e distribuir mensagens através do aplicativo, facilitando a comunicação com o cidadão e trabalhando em seu comportamento de saúde. “Dessa forma, o tratamento não se encerra quando o paciente cruza a porta de saída do hospital, ele continua”, comemora Zarour.
Histórias de quem usa
Para o Dr. Roberto Biazi, diretor da Santa Casa de Votuporanga, o pioneirismo na iniciativa de ter um sistema de gestão de saúde pública 100% integrado é motivo de orgulho e garante a oportunidade de já praticar aquilo que se vislumbra como a Saúde do futuro: uma assistência apoiada em evidências e dados. O app da instituição ganhou o nome de “Santa Casa – Votu”. “A Santa Casa é um hospital filantrópico e que utiliza recursos do SUS. Saber que já estamos praticando uma Saúde Digital nos faz imaginar em todos os resultados em desfechos clínicos que vamos poder oferecer a população”, diz Biazi.
Segundo Daniel Martinez, gerente de TI da Santa Casa, os eventuais desafios relacionados a interoperabilidade entre os sistemas foram superados. “As dificuldades de conectar sistemas distintos eram gigantes e hoje estamos com o projeto concluído e com os aplicativos disponíveis aos cidadãos na Apple Stores e na PlayStore. Quem baixar, verá todos os dados da saúde um único lugar”, comemora ele.
Embora o acesso facilitado aos dados seja um ganho imensurável, o risco de vazamento dos dados existe, e medidas protetivas precisam ser tomadas a contento, especialmente pela LGPD e sua classificação de dados sensíveis. “Nesse sentido, o Global Health oferece uma segurança à privacidade pois está hospedado em um data center onde os dados são criptografados”, conta o gerente de TI. Além disso, o município adotou um programa de compliance à proteção de dados baseado nas ISOs da família 27.000 e todos os cidadãos assinaram consentimentos para o uso da informação.