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Mindfulness chega ao SUS

Técnica meditativa apresenta melhora clínica para pacientes com dores crônicas e sintomas de depressão

Ainda bem pouco conhecido pelos gestores e profissionais de saúde no Brasil, o Mindfulness, também chamado de “atenção plena”, tem sido propagado pela Escola Paulista de Medicina (EPM), da Unifesp, como um meio para o bem-estar e promoção da saúde. Sendo uma prática meditativa, pode ser experimentado por qualquer um, e tem se mostrado eficiente no tratamento do estresse, ansiedade, depressão e dores crônicas.

Coordenado pelo professor e médico de família Marcelo Demarzo, o Centro Brasileiro de Mindfulness da Unifesp tem levado a prática ao sistema público de saúde (SUS). São montados grupos de pacientes para o aprendizado da técnica, assim como seminários científicos gratuitos para a população.

Composto por três módulos, que duram cerca de um ano, o centro também oferece formação para profissionais de diversas áreas, inclusive empresários. “A alta procura tem nos surpreendido, mesmo quase sem divulgação as pessoas estão chegando até nós”, comentou Demarzo.

O centro, batizado de Mente Aberta, é formado por uma equipe multidisciplinar de 20 pessoas e segue as diretrizes de uma rede britânica de especialistas no assunto. “A maioria dos profissionais de saúde do Brasil ainda não conhece a técnica e sua aplicação clínica. A gente precisa se comunicar melhor com os ambulatórios”, ressaltou o coordenador.

Além dos comprovados benefícios clínicos, a prática meditativa promove mudanças comportamentais, o que tem atraído gestores e líderes. Calma, maior concentração, produtividade e até mais abertura para os relacionamentos são algumas das decorrências do mindfulness. Há registros de que muitos atletas estão aderindo à prática.

Experiência internacional

Demarzo é também professor e pesquisador sobre o tema na universidade espanhola Zaragoza e conta que o conceito tem se popularizado rapidamente nos Estados Unidos (EUA) e Europa, inclusive está sendo experimentado por parlamentares ingleses. “Eles estão conhecendo e estudando a possibilidade de o mindfulness tornar-se uma política pública”, contou, lembrando que os deputados norte-americanos também estão trabalhando nessa mesma ideia.

“Obviamente isso não é uma panaceia. Temos que tomar cuidado”, alertou para o perigo de se criar muito expectativa em torno da novidade.

A Unifesp está envolvida em um congresso internacional sobre o tema, programado para 24-27 de junho, e estuda parceria com Harvard.

Influência da meditação na saúde

Têm sido progressivamente confirmadas a eficácia e a efetividade da meditação, em especial dos tipos mindfulness e transcendental, nas seguintes condições, entre outras:

  • ansiedade;
  • depressão;
  • dor crônica;
  • câncer;
  • dependência de substâncias;
  • agressividade;
  • artrites;
  • fibromialgia.

As intervenções têm sido testadas em diversos cenários de saúde, incluindo a atenção primária à saúde (APS), como também em outros equipamentos sociais, como nas penitenciárias, por exemplo.

Diversos resultados positivos têm sido observados em pessoas da comunidade e pacientes, tais como:

  • melhora da aceitação da dor;
  • melhora do manejo de situações com alto grau de estresse (portadores de morbidades crônicas, por exemplo);
  • diminuição dos níveis de agressividade em pacientes psiquiátricos;
  • melhora da qualidade de vida e da autoeficácia em saúde para a população em geral (promoção da saúde).

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