O novo perfil do médico é o tema do décimo episódio do mediacast Future of Digital Health. Telemédicos, eMédicos, iMédicos... São tantas nomenclaturas que chegam com as novas tecnologia. Guilherme Hummel, host e curador de conteúdo, recebeu Paulo Chapchap, conselheiro estratégico do negócio de hospitais e oncologia do Dasa e presidente do conselho do Instituto Todos pela Saúde, para discutir as habilidades que o profissional precisa ter diante de um novo contexto na saúde.
Parceiros desta primeira temporada, DGS Brasil, do Grupo Dedalus, Grupo Fleury Saúde Digital, InterSystems e Salesforce, convidam você para pensar em como o médico precisa se readequar aos novos tempos e o que falta para algumas transformações ganharem vida.
Formação ultrapassada?
Para pensar no perfil do médico, Hummel propõe uma análise sobre a academia. Elenca uma série de etapas que precisam ser reformuladas, como currículo, ensino baseado em memorização, falta de ênfase nas habilidades socioeconomicas e falta de treinamento prático. Tudo isso interfere na forma como o médico transmite as informações e, consequentemente, como são absorvidas pelo paciente. Vale ressaltar que este não é um problema exclusivo do Brasil.
Um em cada quatro pacientes sai do consultório sem saber o que fazer de acordo com uma pesquisa feita no Reino Unido. Este material completo está disponível na content page. Acesse!
Considerando este cenário, o host questiona se no futuro pode haver mudanças importantes na academia médica que façam o profissional ser mais um educador do que um curador. Pois o paciente está cada vez menos analfabeto em saúde, devido às novas tecnologias.
Chapchap acredita que o médico deveria aprender na faculdade, por meio de softs skills e das relações interpessoais, entender o tamanho do problema que é engajar o paciente. Ele explica que a consulta médica já é um “momento tenso” e hoje as pessoas querem ser cada vez mais sucintas. “Queremos ganhar produtividade sem dar as ferramentas e as tecnologia podem trazer isso”, afirma.
Este tipo de conduta se reflete em todas as camadas sociais, mas principalmente nas menos favorecidas. O executivo ressalta o que é mais grave neste processo: a falta de participação do paciente na decisão. “Não existe um caminho só para o tratamento. Existem formas de engajar o paciente em um tratamento conservador e em uma terapia mais agressiva, a escolha depende do perfil da pessoa”, pontua.
Relação médico-paciente
O elo precisa ser reconstruído, seja com a ajuda da academia e das relações contidianas. Hummel pergunta se, nos próximos 10 anos, a relação médico-paciente ficará mais veloz e efetiva para diminuir o gap entre os dois.
Chapchap afirma que as ferramentas necessárias para isso acontecer já existem e são usadas em outras indústrias. Porém, ainda não foram incorporadas na velocidade suficiente para promover a transformação radical que a saúde precisa, devido à crise do ponto de vista de acesso e de sustabilidade das empresas.
“As ferramentas já existem, precisamos estar em contato mais próximo com os pacientes, monitorando a jornada. Por exemplo, não tem sentido fazer consulta de retorno presencial. O paciente prefere por telemedicina. Com a economia de tempo e recursos, é possível ter mais tempo de contato com o paciente”, enfatiza. Hummel pontua que não vê isso acontecer sem o Estado assumir o papel de regulador. Para Chapchap, o Estado não precisa regular, mas fazer a gestão, inclusive já há exemplos de aplicação da tecnologia.
O executivo cita o Regula Mais Brasil, projeto do Proadi-SUS que vigorou na época que dirigiu o Hospital Sírio-Libanês. Um núcleo de médicos do hospital ordenava, de acordo com a prioridade de cada caso, as filas para consultas com especialistas em diferentes partes do Brasil. Muitos vezes, o caso não precisava ser encaminhado ao especialista. O médico do Sírio-Libanês ajudava o médico da UBS, por meio de teleconsulta, a cuidar do paciente na própria Atenção Primária à Saúde.
Tecnologia para agregar
Chapchap ressalta que a grande variabilidade dos dados de entrada – sexo, idade, informações genéticas e questões socioeconômicas, por exemplo – dificulta o desenvolvimento de uma árvore de decisão para o médico consultar. No entanto, a inteligência artificial e os algoritmos podem ajudar a superar este entrave.
Hummel não se convence facilmente, questiona porque tudo isso ainda não aconteceu e o que, de fato, demonstra que ocorrerá na próxima década. Ficou curioso? Assista ao episódio completo para saber quais são os fatores decisivos para esta transformação segundo Chapchap.