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Inovação na saúde pública

Hoje como secretário adjunto de saúde da Prefeitura Municipal de Arapiraca, Alagoas, Aérton Limeira nos conta sobre o papel do governo na inovação em saúde. Com formações em Administração e Tecnologia da Informação, Aérton já soma 10 anos de experiência em softwares para gestão pública e 06 anos no comando de Secretarias Municipais.

O secretário fez uma pesquisa com a população e observou que o meio de comunicação através de SMS era o mais democrático, alcançando um maior número de pessoas, já que em classes sociais mais baixas o uso de smartphones não é tão difundido. E foi justamente através de chatbots de mensagens de texto que houve o estreitamento da relação entre população e os serviços de saúde, proporcionado pela parceria com a empresa TNH Health.

Em maio de 2017, o estado de Alagoas viveu uma tragédia com altos volumes de chuvas e enchentes. Neste período Aérton era o Secretário de Saúde do município de Marechal Deodoro, cidade mais afetada, entretanto única que não apresentou nenhuma morte por doenças de veiculação hídrica na época, já que a população recebia mensagens educativas sobre prevenção, monitoramento e combate a doenças, o que foi reforçado ainda mais neste período. Desta forma, alertas de situações de risco chegavam aos profissionais da saúde que por fim se convertiam em intervenções: ligações, envio de agentes de saúde, visitas domiciliares. Uma estratégia simples que teve um grande impacto em uma área vulnerável.

Técnicas de gamificação para saúde da mulher também foram adotadas posteriormente, em 2018. Com elas, houve redução de mais de 60% na mortalidade de mulheres por câncer de colo do útero e mama em Marechal Deodoro.

Limeira ainda nos relata sobre um projeto embrionário chamado “cidade saudável inteligente” que visa melhorar o monitoramento, integrando a atenção primária para aprimorar as ações em saúde. Pretendem implementar análises com ajuda de inteligência artificial principalmente para acompanhamentos mais intensos, como os de doentes crônicos e de gestantes. Hoje, declara que com a grande quantidade de informações levantadas há muito falso positivo, muitos dados incompletos e muita interpretação errada quando os dados são analisados sem o auxílio desta ferramenta.

Equilíbrio orçamentário

Segundo Aérton, a fala generalizada entre os gestores de saúde é que o setor público é subfinanciado. “Parece que usam isso como uma desculpa pra não ousar, pra não inovar!”, diz o mesmo, “mas a grande saída é a tecnologia”.

A estratégia do governo federal com o e-SUS reestruturou os Sistemas de Informação em Saúde do Ministério da Saúde, criando um padrão na coleta e armazenamento de dados. Entendeu-se que a qualificação da gestão da informação é fundamental para ampliar a qualidade no atendimento à população. No entanto, a gestão destes dados nem sempre é bem trabalhada.

Quando pensamos em cultura para inovação em setores públicos e privados, o secretário aponta as diferenças explicando que estruturas administrativas são pouco modificadas de gestão para gestão em grandes cidades enquanto as menores sofrem mais da falta de continuidade. “Somado a isso, quando se está no setor privado, a mentalidade de inovar, de buscar tecnologias, vem muito pela pressão de sobrevivência mesmo. Mesmo que o gestor do privado não queira investir tanto, ele se sente obrigado a investir pra reduzir algum custo. No setor público é diferente: o dinheiro vem todo mês!”, completa.

“Eu vejo que se a gente [setor público] usa tecnologia da década de 90 e usa bem, já temos um grande resultado”, reforça Limeira. Tratam-se de tecnologias baratas porque são mais antigas, o que ainda facilita o uso pelo setor. “O problema hoje não é falta de tecnologia. A gente passa aí 20 anos sem inovar em gestão de saúde pública – a gente ainda tem muito o que avançar!”, finaliza.