Certa vez, quando estava no colegial fui perguntado sobre o que achava do então célebre adjetivo dado ao ex-prefeito Paulo Maluf que ele “rouba, mas faz”. Na época, disse que preferia um prefeito que roubava, mas fazia muito pela cidade, do que outro que não fazia nada. Passados alguns anos, não só minha atitute mudou completamente, mas ao passar a trabalhar no sistema de saúde publico brasileiros, percebi o quanto é importante o nosso envolvimento e participação na política brasileira.
Em primeiro lugar, o governno arrecada 1/3 do PIB brasileiro, que é a sexta economia do mundo, logo não é possível afirmar que o Brasil é um país pobre, nem que o Estado brasileiro não tem dinheiro para governar melhor.
Em segundo lugar, o governo federal em 2010 investiu apenas 1.25% do PIB, sendo que os demais gastos não foram direcionados a investimentos. Como pode um país que deseja e necessita crescer de 4% a 5% ao ano não contar com um robusto investimento por parte dos governos municipal, estadual e federal ?
Em terceiro lugar, não é possível sermos apenas consumidores satisfeitos contratando na iniciativa privada tudo aquilo que o Estado não nos oferece e deveria nos oferecer: saúde, educação, segurança. Soluções individuais não têm diminuído as taxas de violência em São Paulo e no resto do país, nem trazido soluções satisfatórias para o trânsito ou para a saúde pública.
Em ultimo lugar, as taxas de sucesso de um governante não deveriam ser consideradas medidas do sucesso do seu governo. Afinal, de que maneira o governo Dilma Roussef preparou a economia brasileira para um longo ciclo de crescimento e investimentos, que realmente tornem o nosso país uma economia desenvolvida. Infelizmente, poder comprar frango no supermercado ou bolsa Coach na viagem a Miami são meras medidas de consumo e não deveriam ser consideradas como demonstrações exclusivas de progresso de uma nação.
O nosso amor pelo Brasil exige mais de nós e exige nossa dedicação, mobilização e luta para construirmos uma sociedade digna, justa e equalitarian. Luto para ver o dinheiro público bem investido, as nossas crianças em escolas que as preparem de fato e nossos doentes em hospitais que gostaríamos de tratar nossos familiares. Até lá, não considerarei o nosso Brasil um país desenvolvido.
Fernando Cembranelli, colunista EmpreenderSaúde, 11/04/2013