Lá se vão mais de quatro anos da pandemia de Covid-19 e, desde então, o dia a dia de médicos e demais profissionais nunca mais foi o mesmo. Entre tantas transformações, a digitalização certamente foi a mais importante delas. Diversas soluções tecnológicas ganharam espaço nos consultórios, enquanto outros reafirmaram sua importância e ganharam novas funcionalidades. É o caso, por exemplo, do prontuário eletrônico na saúde.
A ferramenta não chega a ser uma novidade. Desde os anos 1990 ela já está presente no setor, principalmente entre os médicos entusiastas da tecnologia. O que mudou foi a forma como passou a ser vista pelos consultórios e clínicas. Se há pouco tempo era apenas um recurso de agendamento de consultas, hoje é muito mais do que isso, tornando-se item obrigatório para a gestão e operação.
Não à toa, o percentual de estabelecimentos de saúde que passaram a disponibilizar sistemas de prontuário eletrônico a seus profissionais pulou de 73,2% em 2018 para 87,9% em 2022, segundos dados da pesquisa TIC Saúde no Brasil – um crescimento de quase 15 pontos percentuais em apenas quatro anos.
Trata-se de um fenômeno global. O mercado de prontuários eletrônicos em todo o mundo não para de subir após a digitalização necessária pela pandemia de Covid-19. Pesquisa da PSMarketResearch indica que deve movimentar até US$ 31,2 bilhões em 2024 – com previsão de chegar a US$ 40,4 bilhões em 2030, um crescimento médio anual de 4,4% no período.
Mas o que explica números tão positivos? A transformação digital da saúde certamente é um fator importante. Conceitos como telemedicina e inteligência artificial são cada vez mais constantes para o setor. Contudo, há também a própria mudança de escopo dos prontuários eletrônicos, que passaram a oferecer diversos serviços e funcionalidades – alguns deles bastante desconhecidos dos médicos. Confira cinco faces importantes e (quase) ignoradas da solução:
1. Plataforma de marketing
Uma das utilidades mais importantes (e desconhecidas) do prontuário eletrônico na saúde é sua atuação como plataforma de marketing. Como ele armazena literalmente todas as informações dos pacientes, incluindo cadastrais, permite que a clínica ou consultório possa criar campanhas de ativação, como ofertar e promoções no dia do aniversário, ou até estabelecer ações para convidar as pessoas a retornarem para consultas periódicas.
2. Ferramenta de compliance
Os melhores prontuários eletrônicos também são importantes recursos para a política de compliance – e, consequentemente, para atender os requisitos da Lei Geral de Proteção aos Dados Pessoais (LGPD). Soluções que possuem o nível 3 da NGS-2 da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) possuem aos mais altos padrões de qualidade para armazenamento e tratamento das informações digitais, permitindo um atendimento totalmente digital e a eliminação do papel no expediente.
3. Software de gestão
Se no início o prontuário eletrônico servia apenas como um repositório dos dados digitalizados, essa situação mudou bastante nas últimas duas décadas. Hoje, por exemplo, é possível automatizar todo o processo de agendamento e confirmação de exames, melhorando a gestão operacional da clínica e consultório. Sem falar, evidentemente, na gestão financeira, uma vez que pode se integrar a ferramentas próprias para controlar a entrada e saída de dinheiro, além de facilitar o preenchimento das guias de convênios para garantir o repasse adequado.
4. Relacionamento com o paciente
O prontuário eletrônico na saúde também se posicionou como uma importante ferramenta de relacionamento com os pacientes. Além de facilitar o agendamento de consultas e exames e eventuais campanhas de marketing, ele também pode enviar alertas para os usuários cadastrados para relembrar de compromissos e servir como canal de comunicação para troca de mensagens e envio de documentos, receitas, protocolos, entre outros conteúdos importantes para o tratamento.
5. Centro de integração a outras fontes médicas
Por fim, é importante ressaltar que a solução se tornou um grande hub de dados para médicos e consultórios. Ou seja, por meio dele é possível acessar diferentes fontes clínicas, incluindo dados de pacientes, informações coletadas por wearables como os relógios inteligentes e até mesmo acesso a revistas e artigos científicos que facilitam na ampliação de conhecimento dos profissionais. Isso é possível graças às integrações que a solução consegue fazer por meio de APIs, entregando sempre novas funcionalidades.
* Tiago Delgado é sócio-fundador da Medicina Direta, empresa especializada em tecnologia na área de saúde