Nos últimos anos, o setor de OPME (Órteses, Próteses e Materiais Especiais) no Brasil tem demonstrado um crescimento significativo, refletindo a demanda crescente por dispositivos médicos de alta qualidade. Segundo o Boletim Econômico da Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde (ABIIS), o consumo de dispositivos médicos no Brasil teve um aumento de 10,5% nos três primeiros meses do ano, em comparação com o mesmo período de 2023. Este crescimento é um indicativo do avanço e da importância deste setor para a saúde pública e privada no país.
Mas, afinal, o que é OPME e qual a sua importância na saúde? Os OPMEs englobam uma ampla gama de dispositivos médicos essenciais para tratamentos e procedimentos diversos. As órteses são dispositivos aplicados externamente para modificar as características estruturais e funcionais do sistema neuromusculoesquelético. As próteses substituem, através de intervenção cirúrgica, total ou parcialmente uma parte do corpo. Já os materiais especiais incluem itens que auxiliam no procedimento cirúrgico, como hemostáticos, cimentos, enxertos, válvulas de drenagem, membranas artificiais, entre outros. A utilização desses dispositivos é crucial para melhorar a qualidade de vida dos pacientes, promover a recuperação e garantir a eficácia dos tratamentos médicos.
Os dados do ABIIS destacam que os reagentes e analisadores para diagnóstico in vitro lideraram o crescimento com um aumento de 29%. Em seguida, materiais e equipamentos para a saúde cresceram 1,7%, enquanto o segmento de próteses e implantes – OPME – apresentou um aumento de 1,4%. Esses números, embora variados, apontam para um panorama otimista e promissor.
Curiosamente, o mercado brasileiro de dispositivos médicos – que inclui os segmentos de importação e distribuição representados pelos associados da ABRAIDI, o de diagnóstico in vitro e a indústria de materiais e equipamentos para a saúde – caminhou no sentido contrário em 2023, registrando uma queda de 2,5% no consumo aparente. No cômputo geral, o mercado de Dispositivos Médicos oscilou de US$ 15,8 bilhões em 2022 para US$ 15,4 bilhões no ano passado, segundo estudo da consultoria Websetorial para a ABIIS. No entanto, no sentido inverso, o faturamento do setor, calculado com base nas respostas dadas pelas associadas ao questionário de pesquisa, cresceu 23% na comparação com 2022, fechando em cerca de R$ 11,1 bilhões. Esses dados refletem a complexidade e a resiliência do mercado de dispositivos médicos no Brasil.
Um aspecto essencial para o desenvolvimento desse setor é a logística eficiente, que assegura a distribuição correta e pontual desses materiais. A logística de OPME envolve um processo complexo e meticuloso, que vai desde o recebimento e armazenamento até a distribuição, entrega final dos materiais incluindo logística reversa e contabilização pós-cirúrgica. Cada etapa é cuidadosamente planejada para garantir que os dispositivos médicos cheguem ao destino em perfeitas condições e dentro do prazo estabelecido. A gestão eficiente do estoque, a manutenção da integridade dos produtos e a agilidade na entrega são pilares fundamentais da operação.
Recentemente, a OPME Log, empresa pioneira em logística de OPME, iniciou um plano de expansão ambicioso, que visa ampliar sua atuação para 12 novas cidades. Este movimento não apenas reflete o crescimento acelerado, mas também o avanço ao proporcionar acesso a produtos médicos de qualidade em todo o território nacional.
Além do crescimento interno, as notícias do comércio internacional também são encorajadoras. O Brasil importou 19% mais produtos para a saúde entre janeiro e março deste ano, em comparação com o primeiro trimestre do ano passado, totalizando quase US$ 2 bilhões. As exportações de dispositivos médicos somaram US$ 190 milhões, representando um aumento de 11% no mesmo período. Estes números não apenas refletem a demanda interna, mas também a competitividade e a qualidade dos produtos brasileiros no mercado global.
O setor de OPME no Brasil está em um momento de expansão e inovação. A logística especializada faz parte vital deste ecossistema para que as demandas crescentes do mercado sejam atendidas. O investimento em tecnologia, infraestrutura e pessoas qualificadas para garantir a operação deve não apenas acompanhar, mas também liderar o crescimento do setor de OPME no Brasil.
*Michel Goya é sócio e CEO da OPME Log e diretor da Associação Brasileira de Startups de Saúde (ABSS).