Quando navegamos no cenário complicado, que é a saúde no Brasil, é crucial reconhecer e superar os obstáculos que enfrentamos cotidianamente. OPME se destaca não apenas por sua relevância em toda a cadeia hospitalar, mas também pelos desafios de preço, constantes buscas por novas tecnologias, complexidade operacional e agora a falta de funcionários tem sido um alerta para quem atua na área de maneira específica. Assim, como CEO de uma empresa do ramo, não posso deixar de partilhar os meus pensamentos sobre este assunto urgente que não afeta apenas as nossas operações, mas também os serviços de saúde em geral.
Mesmo com o término da pandemia, o sistema de saúde continua enfrentando desafios em relação à rentabilidade e viabilidade do setor. Essa busca por resultados tem afetado diretamente a força de trabalho da área. A saúde é intrinsecamente vasta e diversificada, abrangendo desde a produção e distribuição de equipamentos médicos até a prestação de cuidados diretos aos pacientes.
Dentro desse ecossistema, a logística de OPME (Órteses, Próteses e Materiais Especiais) emerge como um segmento crítico, garantindo que os dispositivos cirúrgicos essenciais cheguem aos profissionais de saúde e, em última instância, aos pacientes que deles necessitam, e muitas vezes isso acontece em situação de alto risco de morte. No entanto, é nesse ponto em que nos deparamos com a escassez de mão de obra.
Nos últimos anos, testemunhamos um crescimento significativo na demanda por OPME, impulsionado por avanços tecnológicos, mudanças demográficas e uma maior conscientização sobre saúde. No entanto, esse crescimento não foi acompanhado por um aumento proporcional na disponibilidade de mão de obra qualificada. Especificamente, enfrentamos uma lacuna no talento humano especializado em logística de OPME, o que reflete o reconhecimento desse tipo de trabalho e também o resultado final esperado, assim como processos de expansão em regiões do país.
Um dos principais desafios que enfrentamos é a falta de experiência entre os profissionais que ingressam neste campo. Muitos dos nossos colaboradores, desde motoristas até analistas encarregados do manuseio e conferência desses materiais tão delicados, vêm de indústrias relacionadas, como distribuidoras ou logísticas tradicionais. Embora apresentem habilidades valiosas, a natureza única do segmento exige um conjunto de competências específicas que frequentemente não são adquiridas previamente. Portanto, somos confrontados com a necessidade de investir significativamente em treinamento desde o início, o que prolonga o período necessário para que os novos funcionários alcancem um nível de proficiência satisfatório. Além disso, a rotatividade pode ser uma preocupação adicional, já que alguns profissionais podem optar por retornar às suas indústrias de origem, onde já possuem experiência estabelecida.
Enquanto Pedagogia, Direto e Administração lideram o ranking dos cursos de nível superior mais procurados pelo brasileiro, atualmente existem pouquíssimas instituições que oferecem cursos livres com conhecimentos básicos em OPME, mas nenhuma em logística.
Para enfrentar essa escassez de mão de obra, é importante adotar uma abordagem multifacetada. Em primeiro lugar, devemos intensificar nossos esforços para atrair talentos para o campo da logística de OPME, destacando as oportunidades de carreira e os impactos significativos que nosso trabalho tem na prestação de cuidados de saúde. Além disso, é essencial fortalecer programas de treinamento e desenvolvimento que capacitem os funcionários com as habilidades exigidas para ter sucesso neste ambiente desafiador.
Parcerias estratégicas com instituições educacionais e organizações do setor podem ajudar a estabelecer programas de estágio e aprendizado, facilitando a transição de profissionais de outras áreas para a logística de OPME. Essas iniciativas não apenas fornecem uma fonte de aprendizado, mas também promovem a inovação e a colaboração dentro da indústria, o que gera um diferencial ao colaborador, alavancando sua carreira e pretensão no meio da saúde.
Como líderes nesta área, temos a responsabilidade não apenas de identificar os desafios, mas também de buscar soluções proativas que impulsionem o setor adiante. Ao abordar a escassez de mão de obra com determinação e visão de longo prazo, podemos garantir que continuemos a fornecer serviços de logística de OPME de alta qualidade que podem contribuir positivamente para o bem-estar dos pacientes no Brasil e no mundo.
Michel Goya é executivo com um amplo histórico de experiências no setor de tecnologia. Com parte de sua formação feita no exterior, viveu no Japão durante alguns anos e atuou em grandes empresas de destaque na economia asiática e norte-americana. Piloto de avião de formação, literalmente caiu de paraquedas na área da saúde. Já investiu no setor imobiliário, alimentação e mobilidade, onde participou de M&A e implementou processos e cultura ESG, atualmente está à frente de empresas na área da saúde, uma delas é a OPME Log, na qual é sócio e CEO. Michel se especializou recentemente em Inteligência Artificial e busca aperfeiçoar ainda mais sua aplicação dentro dos negócios.