O setor de produtos para a saúde – dispositivos médicos implantáveis (DMIs); equipamentos para diagnóstico por imagem; e reagentes para Diagnóstico in Vitro (IVD) – acumula deflação nos preços de licitações de 35,7%, nos últimos sete anos. Os dados são do estudo ‘Índice ABIIS Compras Públicas’, comparativo entre 2015 e 2021, da Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde, que acaba de ser publicado. Foram analisados 13 itens representativos no contexto das compras do SUS, descontando a inflação do período medida pelo IGP-DI.
A queda mais significativa foi de DMIs, com baixa real de preço de 42,3% no período. Os produtos analisados nesta cesta foram: prótese total primária de joelho, prótese para artroscopia de quadril, stent coronariano com fármaco, marcapasso, ressincronizador e cardiodesfibrilador. As vendas por licitações públicas do segmento de reagentes desvalorizaram 30,2% (cesta composta por: teste HIV, teste TSH, teste Vitamina D e hemoglobina glicada HbA1c). Já os equipamentos por imagem que fizeram parte do estudo foram ressonância magnética, tomógrafo e ecógrafo com análise espectral doppler. A média de defasagem de preço verificada nessa categoria, de 2015 até 2021, foi de 29,4%.
O diretor executivo da ABIIS, José Márcio Cerqueira Gomes, destaca que “o estudo revela o que sempre soubemos: os dispositivos médicos não são os vilões da saúde. Na verdade, eles são fundamentais para aumentar a produtividade e resolutividade do sistema, uma vez que a tecnologia antecipa diagnósticos, permite tratamentos mais completos e eficazes e reduz tempo de internações”.
Quando analisados individualmente, os produtos com maior defasagem de preço foram: Stent coronário (-79,3%), prótese de joelho (-65,8%) e teste HIV (-62%) e aparelho de ressonância magnética (-33,3%). “A desvalorização desmedida destes e de outros itens coloca em risco a sustentabilidade do setor como um todo. Empresas quebram porque não conseguem praticar valores tão estrangulados”, alerta.
O estudo ‘Índice ABIIS Compras Públicas’ foi realizado pelos economistas Emerson Fernandes Marçal - coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da FGV-EESP. Tem experiência na área de Finanças e Macroeconomia Aplicada, com ênfase em Métodos Quantitativos e Análise de Séries de Tempo; e Patrícia Marrone - sócia-diretora da Websetorial.