Pensei em uma série de assuntos de grande importância para o atual cenário do negócio da saúde para inaugurar esta coluna, mas nenhum deles se demonstrou tão emblemático para esta estreia como a conceituação do tema que irá nortear nossas discussões. Afinal, o que é Arquitetura da Saúde?
Sou formada em Arquitetura e Urbanismo e sempre tive como foco de atuação o setor da saúde. Quando me apresento como arquiteta em um ambiente hospitalar, sou imediatamente reconhecida como autoridade em definições estéticas. Pedem-me ajuda para definições como a escolha das cores para a nova reforma da UTI ou de portas que permitam o transporte de macas. Apesar de a aptidão estética ser uma qualidade importante da profissão, grande parte da nossa linha de estudo não tem relação alguma com esse tema.
Seria como se procurássemos um médico apenas quando precisamos medir nossa pressão, verificar se estamos com febre ou pedir um remédio para dor. Sem dúvida um médico pode nos auxiliar com essas questões, mas a capacidade dele apresenta um raio de atuação muito superior. E na arquitetura, isso não é diferente!
Se você chegou até aqui e está se sentindo mal por também não saber bem a definição de arquitetura hospitalar, não fique chateado, nem o Google sabe! O que só reforça a necessidade e importância desta discussão.
Pense numa construção como se ela fosse o corpo humano! Ela precisa de uma estrutura, de órgãos (recursos), de conexões, fluxos, entradas e saídas. E tudo isso deve ser planejado, dimensionado e orquestrado adequadamente para que esteja apta a desempenhar o seu papel. Pois esta é a função do arquiteto. Complexo? Transporte isto para o ambiente hospitalar, que apresenta a proposta construtiva e sistêmica de maior complexidade que conheço. Então você estará mais próximo de entender o verdadeiro papel de um arquiteto hospitalar.
A especialização em arquitetura hospitalar demanda intensa carga de estudo e dedicação no campo de atuação para que o profissional esteja de fato habilitado ao exercício da profissão na área escolhida.
Além disto, muitos arquitetos não se limitam a expertise relacionada à obra e projeto e complementam sua formação se capacitando em disciplinas como gestão, inovação, tecnologia e sustentabilidade, estando aptos a assumir cargos de liderança nas mais diversas áreas.
Esta visão distorcida prevalente em relação à real função do arquiteto muito se deve à falta de entendimento e do contato superficial da sociedade com a profissão, variáveis estas que se retroalimentam e colaboram neste pré-julgamento . Espero que este novo espaço de discussão e promoção de conteúdo ajude a mitigar esses paradigmas.
Bem-vindos!