Presente na JPR22 (Jornada Paulista de Radiologia), a Philips Healthcare apresentou mais de 30 soluções de softwares para a saúde. O suporte à digitalização se mostra um dos grandes pilares da empresa para os próximos anos, em uma abordagem cada vez mais focada no desenvolvimento de ecossistemas eficientes e focados no paciente. CEO da Philips para a América Latina, Fábia Tetteroo-Bueno defendeu essa ideia durante entrevista exclusiva ao Saúde Business - reforçando que a transformação digital é um caminho sem volta para a saúde no Brasil, na América Latina e no Mundo.
Assumindo o cargo de CEO Latam da Philips justamente em março de 2020, a executiva precisou lidar com os impactos da pandemia logo nas primeiras semanas de trabalho. “Os 5 primeiros meses foram focados em garantir duas necessidades principais: a segurança e a saúde das nossas equipes e o atendimento direto aos nossos clientes, principalmente considerando que fornecíamos monitores e ventiladores, essenciais para lidar com a crise”, comentou. O desafio intenso, porém, levou a uma nova dinâmica. “Conseguimos nos adaptar rapidamente ao trabalho digital porque essa já era uma realidade na Philips. Isso nos permitiu ajudar clientes e parceiros a se digitalizarem também, dividindo nossa expertise”, conta.
A transformação digital do setor ganhou força durante o enfrentamento à COVID-19, afetando diretamente os sistemas de saúde no Brasil e no mundo. “Acredito que o grande legado da pandemia foi termos entendido que a tecnologia pode fornecer soluções especializadas e maneiras de otimizar os fluxos de trabalho. Passamos por uma revolução em 2 anos que não tinha sido vista em mais de 20 e tivemos que descobrir como lidar com ela. Nosso trabalho hoje tem sido entender como ajudar nossos clientes nesse processo e como podemos, juntos, criar um ecossistema cada vez mais eficiente para a saúde”, defendeu Tetteroo-Bueno.
Demandas novas, desafios antigos
A desigualdade também ganha espaço no debate da transformação digital, principalmente na América Latina, onde cerca 30% da população não tem acesso a serviços de saúde de qualidade. Para Fábia, essa é uma questão coletiva, que deve ser compartilhada pelos players e cuja resposta passa, invariavelmente, pela tecnologia. “Acreditamos que a inovação, a criatividade e a digitalização são fundamentais para reverter esse cenário. O acesso à saúde é fundamental para todo o sistema e por isso deve ser levado a sério”, defende.
Para a CEO, foram muitas as razões que levaram o setor de saúde a adiar sua digitalização no contexto pré-pandêmico. "Tínhamos problemas com dados, com cybersecurity, com regulamentações muito rígidas, etc. Haviam muitos medos envolvidos no processo de digitalizar o sistema, e eles eram justificáveis, já que se trata de um setor muito sensível”, conta. “Mas a pandemia veio para mostrar que a digitalização é inevitável. E, já que não há como fugir dela, precisamos nos unir como setor para entender de que forma podemos lidar com isso”, completa.
A resistência ao digital ainda existe mas, para Fábia, esse é um caminho sem volta. “Do mesmo jeito que várias pessoas não querem voltar ao trabalho no escritório, o paciente também não quer voltar para o consultório médico. Esse novo perfil de paciente já questiona a necessidade de estar presencialmente no hospital - como justificar levar 45 minutos para chegar ao local, esperar 45 minutos para ser atendido e ter apenas 15 minutos de consulta inicial?”, questiona. “A demanda para melhorar os serviços e digitalizar o setor não vai vir só das empresas, hospitais e médicos, mas do próprio paciente, que está cada vez mais demandante”, completa.
Ecossistema de saúde: o caminho para o futuro é colaborativo
Com um posicionamento que incentiva a colaboração entre os players, Fábia defende que o momento é promissor para a saúde no Brasil e no mundo. Para ela, é preciso reunir na mesma conversa indústrias, reguladores, operadoras, hospitais, universidades e até mesmo os próprios pacientes para que se decida em conjunto: como é o ecossistema que vai funcionar para todos? “Precisamos simplificar os processos, reduzir as customizações dos softwares, colocar todos os pontos na balança para melhorar os fluxos de trabalho, a eficiência dos negócios e a qualidade dos serviços. Esse caminho exige uma construção conjunta com todos os stakeholders”, diz.
“O mundo para o qual estamos indo é muito diferente do mundo do qual viemos”, comentou a CEO. “Vivíamos uma realidade na saúde onde cada player estava fechado na sua caixinha - ‘meu dado, meu sistema, meu paciente’ - e estamos migrando para um contexto de ecossistema, que precisa ser aberto, forte e capaz de se comunicar. Mantendo o paciente no centro, pensando na sua segurança, na privacidade e na qualidade dos serviços, vamos elevar o setor como um todo. Se agirmos como parceiros, vamos conseguir acelerar o processo de digitalização e até mesmo aumentar o acesso à saúde para todos. Esse é o legado que quero deixar”, finaliza.