Ser um empreendedor bem sucedido é um conceito que, para mim, se traduz em independência financeira, ou seja, trabalhar por prazer e não mais por necessidade. Quem atinge a independência financeira tem a possibilidade de tomar decisões sem a pressão e preocupação de colocar em risco tudo o que conquistou.
É muito comum a ideia de que para ser um empreendedor bem sucedido é preciso ter ganhos mensais elevados. Na verdade já vi muitos médicos, dentistas e engenheiros de renome terem problemas financeiros, com dívidas monstruosas por não saberem administrar seus ganhos.
Então, qual é o segredo para alcançar a independência financeira?
Além de estabelecer objetivos profissionais e para sua empresa e buscar sempre o aprimoramento, é necessário ter uma reserva financeira ou de bens que geram rendimentos, que possibilitem a receita de duas vezes o atual pró-labore ou ganho mensal. Vou dar um exemplo: um profissional que ganha dez mil reais por mês deve ter reservas financeiras que proporcionem, pelo menos, vinte mil reais de rendimentos. Com isso, se tiver que parar de trabalhar e não mais ganhar o dinheiro pelo trabalho, poderá viver com metade de seu ganho financeiro, ou seja, dez mil reais, fazendo com que o restante - os outros dez mil reais - fiquem aplicados, garantindo o mesmo rendimento para o futuro.
Além disso, essas reservas são fundamentais para eventuais problemas como crises financeiras ou mesmo a decadência dos negócios.
Mas como fazer essa reserva?
É importantíssimo ter controle do que gasta com a vida pessoal, familiar e como empresário. Geralmente há uma margem de 20% a 30% de gastos supérfluos que podem ser cortados ou reduzidos. Para identificar quanto seria possível poupar, é necessário saber para onde vai cada centavo do dinheiro. Recomendo um diagnóstico financeiro que consiste no registro de tudo que ganha e gasta por um período mínimo de 30 dias e máximo de 90 dias. Registre até mesmo o cafezinho e gorjetas.
Ao montar seu orçamento, antes de listar as despesas, subtraia da receita o valor mensal que teria de ser reservado para a realização de três objetivos e sonhos de curto (até um ano), médio (até 10 anos) e longo prazo (acima de 10 anos). É importante que um desses sonhos seja o da independência financeira ou de uma aposentadoria digna que assegure seu bem estar no futuro.
O resultado da subtração do valor dos sonhos é o saldo real que fica para as despesas fixas e variáveis. Portanto, será necessário um ajuste do padrão de vida. O ajuste deve ser feito com base no diagnóstico feito durante o período de 30 a 90 dias. Esse exercício ajudará a identificar os maus hábitos de consumo que corroem sua capacidade de poupança.
Para quem tem ganho mensal que varia para cima e para baixo – seja autônomo ou liberal, pequeno e médio empresário, vendedores e representantes – o melhor a fazer é estabelecer um padrão de vida pela menor média de ganho. Quando o profissional de renda variável se baseia pela média alta, nos meses de menor renda tem de recorrer a recursos como limite de cheque especial, cartões de créditos, empréstimos, entre outros. Com isso, os juros acabam fazendo parte do custo desta pessoa.
Além de estabelecer o padrão pela média baixa, recomendo uma reserva financeira para os momentos onde os ganhos são menores. Também ressalto a necessidade de enxergar o futuro, fazendo uma reserva para a aposentadoria sustentável.
Essas são orientações fundamentais para quem quer assumir, de fato, o controle financeiro e criar o hábito de poupar.
Lembrando que para investir o dinheiro poupado, é bom procurar um especialista que indicará as melhores aplicações para o perfil e objetivos do investidor. É comum pessoas que acreditam saber investir cometerem erros e perder dinheiro, seja com questões fiscais e tributárias seja porque escolhem um tipo de investimento inadequado para o tipo de objetivo de uso dos ganhos com a aplicação.
Por fim, para ser um profissional que atinja o seu melhor desempenho empreendedor é preciso saber onde se quer chegar. Por isso, sonhos e objetivos não podem ser esquecidos.
Reinaldo Domingos, educador e terapeuta financeiro, presidente do Instituto DSOP de Educação Financeira, autor dos livros Ter Dinheiro não tem Segredo, Livre-se das Dívidas, Terapia Financeira, da primeira Coleção Didática de Educação Financeira no Ensino Básico, e das séries infantis O Menino e o Dinheiro e O Menino do Dinheiro, todos pela Editora DS