Em 2050, a população mundial deve chegar a dez milhões de pessoas, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), número duas vezes maior do que o atual. Com esse crescimento, reflexo da longevidade, além da mudança de perfil dos pacientes, mais bem informados e atentos, os serviços de assistência à Saúde terão de se aperfeiçoar. Isso joga luz à transformação digital na Saúde, capaz de antecipar a demanda e prestação de serviços, simplificar a prevenção e o tratamento e oferecer aos pacientes mais controle e segurança.
Para que as organizações de Saúde se adaptem a esse novo cenário, é preciso refazer os processos centrais de negócios, melhorar as interações entre os profissionais, capacitar e envolver todos os funcionários e aproveitar as novas tecnologias. Algumas tendências tecnológicas já fazem parte dessa rede: hiperconectividade: com hospitais, pacientes e dispositivos conectados; super computação: redes e computação in-memory ajudam a gerar inúmeras oportunidades de negócio, como a diminuição do custo do sequenciamento genético; computação em nuvem, com transações entre players de Saúde em plataformas de colaboração; e dispositivos inteligentes, com tecnologias vestíveis, impressão 3D e robótica; checagem beira leito e Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP). Mas, para que a transformação digital na Saúde, realmente, funcione, três áreas devem ser atualizadas:
Modelos de negócio
Eles devem ser proativos e flexíveis para responder rapidamente à evolução das necessidades dos pacientes, cada vez mais bem informados e exigentes, ou às mudanças demográficas. Além disso, precisam permitir o compartilhamento de pesquisas clínicas para obter o que houver de mais moderno e eficaz para a oferta de uma terapia personalizada, e a identificação e direcionamento dos pontos fortes da instituição, para eliminar atividades de menor valor.
Processos de negócio
Com novos modelos de negócio, os processos também devem se atualizar para possibilitar soluções em cada estágio do tratamento de saúde: preventivo, curativo e educacional. O objetivo é unir especialistas e pacientes em cinco pontos principais: núcleo digital, no qual as transações e análises devem ser em tempo real para garantir respostas mais inteligentes, rápidas e simples; participação do paciente, em que o trabalho deve ser colaborativo para garantir uma medicina personalizada; e recursos humanos, que deve capacitar e envolver todos os funcionários e equipes.
Métodos de trabalho
Com a transformação digital na Saúde, os profissionais têm a oportunidade de crescer profissionalmente. De um lado, médicos podem coordenar um paciente mais informado e capacitado substituindo a hierarquia tradicional e a prática da consulta em que só o médico diz o que é melhor, além de tomarem decisões clínicas mais assertivas. De outro, tecnologias como sensores e reconhecimento de fala, permitem que os enfermeiros tenham mais tempo de, efetivamente, acompanhar o paciente, transformando-se em cuidadores pessoais.
“Para que toda essa mudança seja possível, é essencial contar com planejamento detalhado das mudanças, com perspectiva de investimento e tempo, e pessoas capacitadas para as implementações”, explica médico Abel Magalhães, professor de informática em Saúde do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPEAD-UFRJ) e Diretor de Comunicação e Mídias sociais da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS).