A partir de 2020, o número de idosos deve superar o de crianças em todo o mundo e, até 2050, haverá 1,5 bilhão de pessoas com mais de 65 anos. O impacto será maior nos países em desenvolvimento, que devem ter um aumento de 250% na população com essa faixa etária, ante 71% nos desenvolvidos no mesmo período.
Também nos países em desenvolvimento, o envelhecimento está acontecendo numa velocidade muito maior do que nos países desenvolvidos. Na França, a população com mais de 65 anos levou cem anos para passar de 7% para 14% do total, enquanto, no Brasil, essa mudança ocorrerá em apenas duas décadas.
A mudança no perfil etário acarreta uma transição epidemiológica, com consequente aumento de custos com doenças não-transmissíveis, o que afeta o desenvolvimento econômico.
"Embora muitos países ainda vivenciem alta mortalidade infantil por doenças infecciosas ou parasitárias, uma das principais tendências desse século é o aumento de doenças crônicas e degenerativas em todo o mundo, independentemente dos níveis de renda", diz o estudo "Global Health and Ageing" (Saúde Global e Envelhecimento), desenvolvido pelo National Institute on Aging (Instituto Nacional do Envelhecimento), dos Estados Unidos, e divulgada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
A publicação mostra que as perdas econômicas em 23 países de renda baixa ou média chegaram a US$ 83 bilhões entre 2006 e 2015, devido a patologias como doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais (AVC), diabetes.
Considerando a perda de anos com boa saúde, o peso das patologias não-transmissíveis foi de 86% no total de doenças nos países ricos, 65% nos de renda média e 37% nos de baixa renda.
A queda na qualidade de vida é ocasionada principalmente pela perda de mobilidade e das funções físicas e cognitivas. Um dos últimos estudos de grande escala, realizado em 2004 e publicado em 2009 pelo American Journal of Public Health (Revista Científica Americana de Saúde Pública), aponta que 60% dos americanos acima de 50 anos vivem com pelo menos uma dificuldade para se locomover.
Já a prevalência de demência dobra a cada cinco anos depois dos 65 e atinge 30% entre os 85 e 89 anos. Hoje, 7% da população acima de 65 anos convive com essa condição, causada pelo Alzheimer em 40% a 80% dos casos, e os custos com a doença excederam US$ 600 bilhões em 2010.
Somente nos Estados Unidos, os cuidados informais com os portadores de demência tiveram custo de US$ 18 bilhões. Os parentes, especialmente em países e famílias mais pobres, acabam deixando seus empregos ou estudos para cuidar dos idosos doentes. Esse arranjo, porém, deve se tornar mais raro com a redução das taxas de natalidade e o número de idosos que moram sozinhos e longe de seus filhos.
O estudo conclui que será necessário investir em prevenção, detecção e intervenção precoce para as doenças não-transmissíveis, o que inclui gerenciamento de fatores de risco e dos doentes crônicos, e em estruturas e perfis profissionais mais adequados para idosos, como casas de repouso, hospitais de longa permanência, home care e cuidadores.