Embora haja dados concretos (inserir link do texto 14: 5 perguntas para entender os cuidados de transição) sobre a efetividade dos cuidados de transição - redução de custos e readmissões e melhores resultados assistenciais - a literatura médica aponta, também, para o fracasso da iniciativa, a depender das circunstâncias.
Um levantamento feito pelo organismo de acreditação Joint Commission International (JCI) mostra que cuidados de transição ineficientes levam a eventos adversos, readmissões e custos assistenciais mais altos.
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A principal causa, que responde por 80% dos erros assistenciais, é a comunicação inefetiva durante a passagem do paciente de um serviço ou profissional para outro, especialmente nessas três situações:
1) Quebra da comunicação: os profissionais que prestam o serviço não compartilham informações importantes entre eles, os pacientes ou seus cuidadores. Entre os principais riscos estão: expectativas diferentes entre quem presta e quem recebe o serviço; uma cultura que não promove trabalho em equipe e respeito nas passagens de plantão ou de um serviço para outro; tempo inadequado e falta de processos para fazer a transição, como a utilização da metodologia SBAR (da sigla em inglês situation/situação, background/histórico, assessment/avaliação e recommendation/recomendação).
2) Educação do paciente: pacientes e cuidadores são muitas vezes excluídos do planejamento do processo de transição e recebem recomendações conflitantes. Por isso, não se engajam em seguir seu plano de cuidados, por falta de conhecimento ou habilidade.
3) Responsabilidade: em muitos casos, não fica claro quem será o profissional ou entidade que irá se responsabilizar pela coordenação da assistência entre diferentes serviços. Os pacientes ficam confusos e não há garantias de que os recursos necessários estarão disponíveis em outros locais e serviços.
A JCI faz seis recomendações para superar essas dificuldades:
1) A equipe multidisciplinar deve colaborar e coordenar a assistência desde a admissão até a alta: isso inclui ensinar o paciente a praticar o autocuidado e seguir o plano de tratamento.
2) Envolvimento dos médicos e responsabilidade compartilhada em todos os pontos da transição: eles devem ser identificados pelo nome e manter uma troca constante de informações durante a transição.
3) Planejamento abrangente e avaliação de riscos durante a internação hospitalar: é preciso saber se há algo que limite a capacidade de o paciente desempenhar o autocuidado, como doenças crônicas, dificuldade de obter medicamentos e até mesmo baixa capacidade de leitura.
4) Planos de transição, procedimentos e formulários padronizados: os documentos ideais contêm informações como questões ativas, diagnósticos, medicação, serviços requeridos, alertas de piora das condições do paciente e quem contatar em casos de emergência.
5) Treinamento padrão: a organização deve definir o que constitui uma transição de sucesso e, a partir daí, ensinar sua equipe a completar os passos necessários para atingi-la e para oferecer feedback em tempo real.
6) Acompanhamento, apoio e coordenação no tempo correto quando o paciente sai da internação: por telefone ou pessoalmente, follow-ups entre 24 e 48 horas pós-alta hospitalar ajudam no sucesso da recuperação.