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3 pilares para o bom uso dos dados em Saúde

Instituição deve reforçar a ética e a confidencialidade na coleta e uso de dados; profissionais precisam ser treinados constantemente

Nada melhor do que exemplos de mortes por falhas médicas para engajar o corpo clínico e todos os profissionais envolvidos na assistência a coletar e usar corretamente os dados de Saúde. A orientação é de Aimar Lopes, docente em Gestão Hospitalar da Universidade São Camilo. Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) mostra que, a cada três minutos, mais de dois brasileiros (2,47 exatamente) morrem em um hospital por consequência de um erro evitável. Essas falhas são chamadas de "eventos adversos", como a má dosagem de medicamentos ou uso incorreto de equipamentos.

Lopes explica que a adoção de tecnologias, como Prontuário Eletrônico (PEP), são essenciais para a segurança do paciente e para um diagnóstico preciso, porém, é necessário - em conjunto -, preparar os profissionais que fazem uso dessas informações. “Os dados, por exemplo, não podem ser usados individualmente, devem sempre englobar todas as informações do paciente”, explica. Segundo Lopes, outro erro é estimular algum tipo de bônus para o uso correto ou para que os médicos usem  (ou não) algum antibiótico. “Vincular algo tão importante com com dinheiro é inadmissível”, diz.

De acordo com ele, ética e confidencialidade na coleta e uso de dados do Prontuário Eletrônico do Paciente são pontos essenciais. Para isso, recomenda, como forma de engajamento, três pilares:

1.Reforce a cultura

A mudança para um ambiente digital demanda, além da adesão de tecnologias, mudança de mentalidade. É preciso investir em ações de conscientização sobre a importância de um ambiente informatizado e de como isso vai mudar processos e rotina de trabalho. “As pessoas têm de acreditar que a alteração é boa - tanto para os pacientes, quantos para o próprio trabalho”, diz Lopes. Segundo ele, a entidade pode apostar em conversas sobre o que vai mudar, abordando resultados na prática dos sistemas e casos bem sucedidos em outras instituições, que mostrem o impacto na segurança de diagnósticos.

2.Treine a equipe

A parte técnica é fundamental. O hospital deve investir em treinamentos para toda a equipe de como as soluções funcionam, que dados devem ser armazenados, como o registro deve ser feito e de que maneira coletar essas informações. “Esses treinamentos devem ser frequentes e não apenas no início do processo de digitalização”, afirma Lopes.

  1. Incentive a colaboração

O registro de todas as informações não pode substituir o diálogo. No ambiente digital, a troca de conhecimento é de suma importância e deve sempre prevalecer. “O engajamento está ligado, também, à valorização que o hospital dá aos profissionais”, afirma Lopes. Segundo ele, é essencial incentivar que as equipes conversem e troquem informação.

“A entidade precisa estimular a discussão, mostrar resultados e fornecer treinamento constante para incentivar o engajamento”, completa Lopes.