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O papel dos players na redução de custos da saúde

No grupo de ações de health promotion, cabe identificar e monitorar o risco de saúde da população e sua utilização, buscando a conscientização para reduzir fatores de risco e otimizar a utilização do sistema de saúde, direcionando para o melhor recurso

O contexto atual da saúde brasileira exige uma ampla e constante reformulação nas atribuições dos diferentes players envolvidos neste mercado. O problema é que a maioria ainda não se deu conta de que esta mudança está em curso e que ela é inevitável.

Neste cenário, é importante que o mercado corporativo – principal financiador da saúde no país – comece a compreender seu novo papel como integrador de todas as ações que envolvem a gestão de saúde populacional. Em outra ponta, os planos de saúde necessitam assumir novas atribuições para exercer sua função de coordenadores de gestão de rede, com o propósito de gerenciar seu desempenho; de acesso, para regular seu uso correto; e do risco de saúde populacional.

Os médicos passam a interagir e monitorar as ações de outros profissionais de saúde, assumindo a missão de atuar como coordenadores de cuidados dos pacientes, cada vez mais crônicos e em meio a um ambiente de envelhecimento crescente da população. Estes, por sua vez, já começam a ser percebidos como players que podem interferir na sinistralidade e na qualidade assistencial.

As implicações destes novos papéis e de sua correta percepção serão cada vez mais vitais na busca por soluções e pelo melhor modelo para sanar o problema da saúde no país, ainda focado, exclusivamente, no acesso e na execução dos procedimentos. Este modelo expõe as lacunas do continuum care, principalmente nos setores de atenção ambulatorial e hospitalar, nas internações prolongadas, no aumento de reinternações, na crescente insatisfação do paciente e nas falhas na disponibilização do recurso correto no momento certo.

Há 15 anos, sequer existiam informações sobre os doentes crônicos que faziam parte do quadro das empresas. Elas acreditavam que apenas dois perfis integravam suas carteiras: os saudáveis e os doentes. Aqueles que, recorrentemente, faziam uso dos serviços porque não cuidavam das suas enfermidades não eram reconhecidos.

O que se vê hoje é a pouca colaboração entre os diversos prestadores, com intervenções pontuais e impossibilidade de oferecer atenção integral. Além disso, permanece o incentivo exagerado para utilização do pronto-socorro, o que acarreta, na maioria das vezes, condutas conflitantes e duplicidade de exames. A informação torna-se fragmentada, com completo desconhecimento da condição geral do paciente.

Uma das soluções é a análise do uso eletrônico de dados do paciente. Segundo pesquisa realizada pela CDW Healthcare com 150 instituições norte-americanas, a coleta e o cruzamento de informações são os caminhos para a redução de custos e o aprimoramento no cuidado dos pacientes. De acordo com o levantamento, 57% dos hospitais locais afirmaram adotar a análise clínica de dados em função do impacto na melhoria do cuidado do paciente e na redução de taxas de readmissões, fazendo com que processos do dia a dia sejam mais eficientes.

Outro passo importante é incorporar às rotinas do setor uma nova abordagem – mais próxima, integrada e atenta às necessidades da população (conforme o risco) para o qual o ecossistema de saúde realmente existe, sabendo diferenciar as ações de health promotion (conscientizar e apoiar) e de health support (apoiar, acompanhar e coordenar).

No grupo de ações de health promotion, cabe identificar e monitorar o risco de saúde da população e sua utilização, buscando a conscientização para reduzir fatores de risco e otimizar a utilização do sistema de saúde, direcionando para o melhor recurso. Também são fundamentais o apoio e a presença em situações complexas, como internações e gravidez, o controle sobre medicamentos para identificação de novos pacientes, além de campanhas e ações de prevenção primárias.

Nas operações de health support é preciso acompanhar e coordenar a gestão de acesso aos recursos oferecidos pelo plano, com estímulo à adesão ao tratamento, medicamentos e fidelização a um médico principal. Também entram a integração e coordenação de recursos (ambulatórios, planos de saúde, saúde ocupacional etc), a atenção diferenciada a afastados, aposentados, dependentes e agregados com risco, apoio e presença em situações complexas de saúde, como tratamentos e internações.

A procura pelo melhor modelo aponta que, no futuro, teremos algo cada vez mais parecido com o Accountable Care Organizations (ACOs) e o Health Savings Account (HSA), na qual cada um dos players assume um papel definido. Os planos de saúde seriam os intermediários financeiros. O usuário, por sua vez, torna-se responsável pela boa utilização dos recursos. A saúde ocupacional direcionaria seu foco no ocupacional e no assistencial; e as empresas entenderiam sua importância como patrocinadoras e gestoras do risco de saúde populacional, já que são elas que mais necessitam controlar os custos com saúde. Um estudo realizado pela Mercer Marsh com mais de 500 companhias demonstrou que o impacto dos benefícios de saúde na folha de pagamento subiu de 10,38% em 2012 para 11,54% em 2015.

O ecossistema de saúde está em transformação e os players estão se adaptando a esta realidade, uma vez que os modelos tradicionais já não respondem adequadamente às novas demandas e o melhor modelo ainda está em formatação.

* CCesar 1esar Rodriguez Dominguez é diretor global de eHealth da

Telefónica e membro do Conselho de Administração da AxisMed