O Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda (HMMABH) está completando quatro anos com saldos positivos. Desde que foi inaugurado, em 13 de maio de 2012, mais de 18 mil partos já foram realizados na unidade. Só no ano passado, 5.400 crianças chegaram ao mundo na maternidade – 704 a mais do que em 2013. Criada para ser uma unidade de referência em parto humanizado, a maternidade disponibiliza uma série de métodos não farmacológicos para alívio da dor durante o trabalho de parto.
Só em 2015, cerca de 80% das mulheres que tiveram seus filhos na unidade utilizaram esses recursos terapêuticos, que envolvem desde massagens, banhos quentes, aromaterapia, entre outros.
Dentre os programas existentes no HMMABH, merecem destaque o Cegonha Carioca, o Projeto Redinha e o Família Grávida. No Cegonha Carioca – programa pioneiro da Prefeitura do Rio lançado em 2011 –, as grávidas que realizam o pré-natal na rede pública municipal são encaminhas às unidades referenciadas, dentre elas a Maria Amélia. As futuras mães fazem visita à unidade antes do momento do parto. Aliás, todas as gestantes têm garantido o direito da presença do acompanhante na maternidade.
“Tanto a visita do Cegonha Carioca quanto a presença de um acompanhante escolhido pela mulher fazem com que ela se sinta mais segura, mais tranquila. Isso faz diferença quando se fala em assistência humanizada no parto”, diz a diretora geral do HMMABH, Ana Murai.
No caso do Projeto Redinha, a atenção especial é voltada aos bebês prematuros. Pequenas redes de balanço, confeccionadas em flanela e com curvatura que imita o útero materno, são instaladas dentro das incubadoras. Essas redinhas são ferramentas importantes na otimização do tratamento de prematuros. Logo após o posicionamento do bebê na redinha, a incubadora é coberta por uma manta que escurece o ambiente e, consequentemente, desacelera os batimentos cardíacos. A terapia dura entre uma e três horas por dia e é recomenda para recém-nascido com até 2kg e quadro estável.
“O Projeto Redinha contribui ainda para o ganho de peso e o crescimento dos bebês. Os benefícios são inúmeros, como relaxamento, auxílio nos movimentos ativos, entre outros”, explica a chefe do Serviço de Fisioterapia do HMMABH, Caroline Pollazzon, responsável pela implementação do método no hospital.
Já o projeto Família Grávida é mais um espaço de discussão multiprofissional voltado para as pacientes da Maria Amélia. Semanalmente, enfermeiros, anestesistas, obstetras, epidemiologistas, nutricionistas e assistentes sociais se reúnem com gestantes e seus familiares para falar sobre os principais assuntos relacionados à gravidez, ao parto e ao puerpério. Os encontros acontecem sempre ás quartas-feiras, às 10h.
“Procurei a maternidade logo no início da minha gestação, pois eu sabia que ela fazia o parto humanizado. A participação no Família Grávida envolve todas as mulheres do pré-natal. Eu participei duas vezes. Uma sobre higienização das mãos e a outra sobre amamentação. Ao final da dinâmica todas ganham um certificado. Fiquei muito satisfeita”, detalha a paciente Julia Terazzi.
Diretor médico da unidade, o obstetra Wallace Mendes explica que o atendimento humanizado às pacientes e bebês é a maior preocupação de todo o corpo clínico do HMMABH. Por isso, os processos de trabalho são constantemente revistos para otimização dos fluxos internos. “Registramos e analisamos periodicamente os nossos indicadores de qualidade. A partir daí, conseguimos planejar melhor a gestão e adequar os serviços prestados sempre que necessário”, explica Mendes.
No caminho certo
O processo de gestão adotado pela administração do HMMABH parece estar dando certo. Prova disso são os constantes depoimentos das pacientes recebidos pelo serviço da Ouvidoria da unidade. A dona de casa Luana Gomes da Costa, 34 anos, é uma das que está satisfeita com o serviço. Ela deu à luz a João Arthur, o primeiro bebê a nascer na unidade, em 18 de maio de 2012.
“Um hospital de primeiro mundo é assim que defino a maternidade. Cheguei com muitas dores após passar por outras unidades. Fui recebida pela equipe médica, que logo iniciou os procedimentos para realizar o parto. De início, queria cesárea. Mas os médicos e as enfermeiras foram me tranquilizando.
Tive um parto humanizado, sem intercorrências e com uma equipe 100% profissional”, afirma.
Com dois filhos nascidos na maternidade, Adriana Almeida Gonçalves Dantas, 25, moradora do Centro, também aprova a unidade: “Como já conhecia a maternidade e sabia que ali o atendimento é de primeiro mundo resolvi ter meu segundo filho lá. Cheguei com muitos problemas e um sangramento intenso.
Imediatamente me levaram para atendimento. Foi diagnosticado hipóxia neonatal (sofrimento fetal que consiste na diminuição ou ausência da assimilação de oxigênio recebida pelo feto através da placenta).
Queria tentar parto normal, mas tive uma síncope e iniciei convulsão. Na verdade, a equipe da maternidade percebeu que estávamos sofrendo, eu e o bebe. Fui sedada e fizeram o parto cesariano. Meu filho, Theo, ficou dois meses e três dias internado. A equipe da maternidade só deu alta quando teve certeza que meu filho estava bem. Eu fiquei internada durante uma semana e precisei de transfusão de sangue, pois perdi muito sangue. Meu filho não tem nenhum tipo de sequela, apesar das dificuldades do parto. Nós dois podíamos ter morrido, mas nossa história teve um final feliz.”
Participação internacional
O Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda também é destaque no cenário internacional. Recentemente, o diretor médico, Wallace Mendes, esteve em Nairóbi, com uma missão especial: apresentar o Projeto Prepare – Redução de Prematuridade a Partir de Cuidados Pré-eclâmpisa – do qual a maternidade faz parte – para os participantes do Grand Challenges Africa Community Meeting 2016. O evento reúne iniciativas que buscam soluções para problemas de saúde globais, subsidiadas pela Fundação Bill & Melinda Gates. Além do Brasil, Canadá, Índia, Noruega, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos também participam do projeto.
No ano passado, o trabalho científico Audit and feedback strategy: an experience of a brazilian hospital for reducing episiotomy rate, sobre estratégias de redução da taxa de episiotomia, foi apresentado no XXI Congresso Mundial da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia, no Canadá, pelo médico Marcos Nakamura.
Em 2013 e 2014, a Epidemiologia do HMMABH também apresentou trabalhos em eventos científicos no México e na Espanha, respectivamente. No México, foram expostas representações do aleitamento materno por meio de imagens. Já na Espanha foram apresentados os indicadores da assistência na Maria Amélia, principalmente os relacionados à humanização do parto.