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As farmácias como agentes transformadoras da saúde no Brasil

O modelo foi baseado nas drugstores norte-americanas, que contam com clínicas que oferecem atendimento básico de saúde e, caso necessário, encaminhamento aos médicos especializados.

A saúde pública no Brasil carece de medidas emergenciais. Uma recente pesquisa realizada pelo Ibope, com 2.002 pessoas em 143 municípios, revelou que a falta de orientação é mais um agravante à situação. De acordo com o instituto, 20% dos entrevistados possuem doenças crônicas como hipertensão e diabetes. No entanto, mais da metade (53%), não segue à risca as recomendações clínicas ou não costuma concluir os tratamentos (22%).

Como representante do varejo farmacêutico, sei o quanto este resultado justifica o importante papel que as farmácias desempenharão num futuro não tão longínquo. E este futuro já começou a ser construído pela Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), com a iniciativa de implementar o projeto de Assistência Farmacêutica Avançada. O modelo prevê a prestação de oito serviços de orientação clínica nas redes associadas, desde a imunização, testes de diagnóstico para identificação de riscos em saúde, até autocuidado, colocando as farmácias como um importante ator para solução dos problemas de saúde e da adesão ao tratamento.

Os serviços vão atender às principais necessidades da população por meio dos programas hipertensão em dia, diabetes em dia, colesterol em dia, revisão da medicação, autocuidado, imunização, parar de fumar e perda de peso. Eles serão oferecidos em um espaço privativo e confortável dentro da farmácia, chamado Care Center.

O modelo foi baseado nas drugstores norte-americanas, que contam com clínicas que oferecem atendimento básico de saúde e, caso necessário, encaminhamento aos médicos especializados. Sua adoção, sem dúvida, trará grandes benefícios aos consumidores brasileiros e ao Estado. A população brasileira terá, nas farmácias e drogarias, um ponto estratégico para ampliar seu acesso à saúde e possibilitar a continuidade do tratamento clínico. Ao mesmo tempo, contribuirá para desafogar o sistema de saúde pública, ao desestimular a procura por salas de emergências de hospitais em ocasiões que não demandam urgência, e reduzirá custos para pacientes e governo. Também é um grande reforço para campanhas de conscientização e imunização.

A idealização dos novos serviços foi possível com a sanção da Lei 13.021/14, que além de abranger aplicação de vacinas e testes rápidos – funcionando como uma espécie de triagem –, colocou o farmacêutico em evidência, concedendo ao profissional mais autonomia e segurança para exercício de sua função. Um bom exemplo é o respaldo legal que o especialista tem atualmente para manter o histórico do paciente, a fim de orientá-lo acerca de como interagir com sua doença. Entretanto, a lei que amplia e valoriza o papel do farmacêutico ainda depende de aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

É desta maneira que o grande varejo farmacêutico nacional enxerga o futuro do segmento. Os empresários passaram a entender os estabelecimentos muito além de um simples canal de venda de remédios. A implantação dos serviços já foi iniciada em lojas-piloto de algumas das redes de farmácias associadas. O intuito do projeto é verificar como o público brasileiro interage com esta nova dinâmica.

Mas é importante frisar que as transformações dos estabelecimentos farmacêuticos jamais ambicionarão a substituição do papel dos médicos, como por exemplo, na prescrição de receitas. Mas não podemos ignorar a abrangência física das redes, que possuem mais de seis mil lojas espalhadas por 600 municípios brasileiros, alcançando regiões carentes em assistência médica e até mesmo, com pouca atuação do governo. Tenho a certeza de que, em um território imenso como o brasileiro, as farmácias são parte da solução e podem realizar ações preventivas, de diagnóstico precoce, e suporte para tratamentos, agindo com zeladoras do bem-estar populacional.