Quando perdeu a filha com 18 dias de vida, vítima de sepse, o arquiteto de sistemas Jac Fressatto resolveu desenvolver um robô que faz uso de inteligência artificial e tecnologia cognitiva para gerenciar dados da rotina de hospitais e emitir alertas para que outros pais não passem pela mesma dor.
A Laura, como foi batizada a tecnologia, teve cerca de 1,2 milhão de pacientes conectados desde sua criação em 2016 e registrou a redução de 25% na taxa de mortalidade hospitalar. Além de salvar vidas, a tecnologia é um instrumento para otimização de tempo e recursos em saúde com eficiência e segurança.
A tecnologia inovadora está implantada atualmente em 13 hospitais do Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Ela consegue detectar mais pacientes em risco com menos falsos positivos do que os protocolos que são usados nos hospitais. Dependendo da instituição, a Laura consegue detectar 8 a cada 10 pacientes em risco.
Para se chegar ao número foram necessárias três etapas. Primeiro, foram selecionados os pacientes monitorados pela Laura em cinco hospitais, de outubro de 2016 (quando começou a funcionar) a dezembro de 2018. A partir desse levantamento, foram identificados os pacientes que receberam, pelo menos, um alerta gerado pelo Robô Laura que tenha resultado em abertura de protocolo de sepse ou a prescrição de antibiótico. Desses pacientes, os que receberam alta foram considerados salvos com a ajuda da Laura.
Movido pela dor da perda da filha, Jacson Fressatto criou o primeiro robô cognitivo gerenciador de riscos, com o objetivo de mudar o cenário atual em que 56% das pessoas que estão internadas em um hospital são vítimas da SEPSE, uma infecção geral grave do organismo que age de forma silenciosa e letal.
O software lê as informações dos pacientes e emite alertas que são enviados a cada 3,8 segundos à equipe médica com o objetivo de sinalizar o quadro de pacientes com riscos de infecção generalizada, além de alertar com antecedência outros casos de deterioração clínica.
O diretor de tecnologia da Laura, Cristian Rocha, afirma que vê a Laura como uma ferramenta de suporte à decisão. “Hoje, trabalhamos principalmente com a detecção de pacientes em risco, olhando para a deterioração clínica. Até o final do ano vamos lançar alguns produtos que vão apontar a previsão do tempo de internação do paciente, já no início do atendimento, e a previsão de readmissão nos próximos 30 dias. Essas funcionalidades são extremamente relevantes no cuidado aos pacientes e vão melhorar ainda mais a qualidade dos atendimentos”, finalizou.