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Inovação e tecnologia: investimentos devem fazer sentido, trazer engajamento e melhorar a experiência de pacientes e colaboradores

Tecnologia e inovação são duas das palavras mais faladas no mercado de saúde atualmente. Isso porque o futuro do setor está intima e inevitavelmente ligado aos avanços promovidos diariamente em diferentes vertentes da medicina.

Tecnologia e inovação são duas das palavras mais faladas no mercado de saúde atualmente. Isso porque o futuro do setor está intima e inevitavelmente ligado aos avanços promovidos diariamente em diferentes vertentes da medicina. Não à toa, grandes instituições como a BP - Beneficência Portuguesa de São Paulo têm levado transformação digital e inovação como duas das frentes estratégicas para os negócios e investido em viabilizar iniciativas para acompanhar o ritmo acelerado da digitalização.

Prontuário eletrônico dos pacientes, interoperabilidade e inteligência artificial (IA) são apenas alguns dos exemplos de novas tecnologias que estão sendo empregadas nessa instituição tradicional. Em entrevista à Hospitalar, Lilian Quintal Hoffmann, superintendente executiva de Tecnologia da Informação da BP, contou mais sobre os investimentos da Beneficência em tecnologia e inovação, e a importância desses aportes para a melhoria do engajamento e experiência dos pacientes e colaboradores – conversando bem com a proposta trazida pela Healthcare Business Unit para seus eventos do ano que vem.

Confira a entrevista:

HOSPITALAR: Quais investimentos a BP vêm fazendo em tecnologia e inovação?

LILIAN HOFFMANN: Entre os investimentos recentes mais importantes, podemos destacar a implantação do prontuário eletrônico do paciente (PEP), um movimento que levou dois anos para ser finalizado, num investimento total de cerca de R$ 30 milhões. O PEP permitiu a coleta e armazenagem de dados, que é o alicerce para outras iniciativas de inovação tecnológica.

Investimentos também foram aportados em infraestrutura, telefonia, cloud e em aplicações para aprimorar a experiência dos pacientes, como o contact center, a plataforma de exames de imagem, os aplicativos para agendamento online, entre outros. Ferramentas de analytics e interoperabilidade também alavancaram o uso de dados dentro da instituição.

No que tange inovação, um dos nossos projetos é o de uso de IA sobre os dados de prontuário, facilitando o levantamento das comorbidades dos pacientes a partir da análise dos textos digitados pelos médicos, usando uma plataforma de natural language processing (NLP) e machine learning. O principal objetivo desse projeto foi entender o potencial do uso da IA sobre o ativo de informação mais rico de uma instituição de saúde, que é o PEP.

Utilizar o NLP e o machine learning para "ensinar" o IBM Watson – a solução adquirida pela BP – a identificar as comorbidades dos pacientes nos mostrou que a IA pode revelar uma riqueza de dados capazes de auxiliar a instituição na codificação, precisão e predição de informações.

Tudo isso contribui para que possamos avançar na jornada de nos transformarmos numa instituição totalmente digital. Atualmente, todas as unidades da BP estão certificadas com o nível 6 – de um total de 7 – do Eletronic Medical Record Adoption Model (EMRAM), modelo de adoção de PEP da Healthcare Information and Management System Society (HIMSS). Neste momento, estamos trabalhando para obter o grau 7, proporcionando aos pacientes cada vez mais segurança, aportando mais apoio à decisão para os médicos e demais profissionais de saúde e oferecendo para a instituição maior eficiência operacional.

H: Qual a importância desses investimentos para a BP?

LH: Se pensarmos que a transformação digital é um processo no qual as instituições utilizam a tecnologia como meio de dar velocidade à resposta, fornecer um atendimento personalizado, aumentar a segurança, aprimorar a experiência dos pacientes, médicos e colaboradores e melhorar o desempenho da instituição, é possível termos um vislumbre da importância dos investimentos nessa área.

A atualização da tecnologia imprime um ritmo extremamente dinâmico para qualquer negócio, e na área da Saúde não é diferente. São demandas por desempenho, segurança, disponibilidade e outras questões que devem ser equacionadas para que o trabalho seja executado com excelência, independentemente do tipo de estabelecimento. E é importante lembrar sempre que o setor se desenvolve à medida que a adoção de tecnologia ocorre.

H: Sabemos que uma das principais questões discutidas atualmente é a questão da experiência do paciente. Por isso, quais são os principais impactos de novas tecnologias no dia a dia do corpo clínico e assistencial e no engajamento e melhoria dessa experiência?

LH: É importante ressaltar que a BP não faz investimento em inovação apenas pela inovação em si, mas sim naquilo que realmente faz sentido para o negócio, o que, em última análise, se reflete em ganhos para os pacientes atendidos, para os médicos e também para os colaboradores.

Sendo assim, dentre as vantagens concretas que a adoção do PEP proporcionou, pode-se destacar o incremento de eficiência operacional e o aumento da segurança dos processos assistenciais. Isso se reflete diretamente numa experiência superior para todos os pacientes atendidos, além de ser um catalizador para o aumento de receita e diminuição de custos. Em termos assistenciais, possuir, por exemplo, a documentação médica eletrônica, os sistemas de suporte à decisão clínica, o acesso a imagens diagnósticas e exames de laboratório integrados ao prontuário, além do circuito fechado de medicamentos, melhoram a condição de trabalho dos profissionais, trazem mais agilidade para o atendimento e segurança para quem é atendido.

Também é importante destacar a redução de erros e a liberação do tempo que a equipe assistencial dedicava para processos que passaram a ser automatizados a partir da adoção da ferramenta para que, assim, estejam à disposição do paciente, permitindo um cuidado ainda mais próximo.

Com relação ao uso da IA por meio da adoção do IBM Watson, vale destacar que passamos a extrair as informações de comorbidades dos pacientes em tempo real. À medida que a evolução clínica do paciente, a anamnese ou o sumário de alta são digitados, o IBM Watson pode fazer a leitura e sugerir ao médico as patologias encontradas, sem a necessidade de modificar a maneira como o médico trabalha. Isso é absolutamente importante para termos a adesão do corpo clínico nesse projeto. Outro ganho é liberar os enfermeiros especializados para tarefas mais elaboradas, como a análise dos dados codificados e não somente no processo de geração dessas informações.

Ferramentas que facilitam o acesso dos pacientes também foram alvo de investimento, como o contact center, a plataforma de exames de imagens e agendamentos online de consultas e exames.

H: O que podemos esperar da BP para os próximos anos?

LH: A transformação digital abre a possibilidade de fazer diferente, mais e melhor. Ela permite que o cuidado esteja em qualquer lugar, que o paciente seja engajado, que a equipe assistencial tenha apoio em suas decisões, que a instituição possa analisar tendências e predizer comportamentos, que o conhecimento e as informações sejam compartilhados, e que as questões financeiras sejam efetivamente melhoradas. A transformação digital tem o potencial para difundir saúde.

Em termos de avanços, o PEP, associado à incorporação da IA e de outras iniciativas que já estamos trabalhando para um futuro próximo como, por exemplo, a robotização, a criação de algoritmos preditivos, uso de analytics, IoT (internet das coisas), realidade virtual e blockchain, abre novos horizontes para a nossa instituição, sendo natural a incorporação de outras soluções que tragam melhoria no atendimento prestado, no apoio à decisão, nas informações preditivas e, consequentemente, em um ganho real para nossos pacientes.