Não dá para barrar o uso de dispositivos pessoais no ambiente corporativo. Como se não bastassem smartphones e tablets, tecnologias vestíveis, as wearable technologies, chegam como mais um componente no universo de devices que trabalham dupla jornada: na vida pessoal e profissional. É a passagem do Bring Your Own Device (Byod) para o Wear Your Own Device (Wyod). E isso significa novos desafios ao CIO e aos sistemas de gestão de dispositivo móveis (Mobile Device Management, ou MDM).
Li o termo Wyod em artigo assinado por Daniel Burrus, fundador e CEO da Burrus Research. De fato, linhas de smartwatch, como a da Samsung, e óculos inteligentes, como o Google Glass, ainda um protótipo, podem não ter chegado efetivamente a infraestruturas corporativas, mas não deve demorar para que isso aconteça.
Considere isso: é estimado que um milhão de dispositivos vestíveis sejam desembarcados até o fim de 2014. Outros 300 milhões virão até 2018. [
]. Se pessoas levaram seus devices móveis para o escritório, causando sérios problemas para a área de TI, pode apostar que o mesmo ocorrerá com as tecnologias vestíveis, previu Burrus.
Como tudo o que é móvel, a novidade deve trazer melhoras no desempenho. Recentemente falamos do ganho de produtividade causados por smartphones e tablets graças à facilidade de manuseio, quando comparados a um notebook. Com dispositivos que estão disponíveis 100% do tempo, processos e atividades se tornam ainda mais ágeis. Pense, por exemplo, em um relógio cumprindo a função de crachá de acesso, como apoio a equipes de campo ou monitorando informações vitais de funcionários que trabalham em serviços braçais. Imagine o Google Glass utilizado por motoristas, que podem checar informações e rotas sem desviar a atenção do trânsito.
Segundo artigo assinado por J.P. Gownder, vice-president da Forrester, tecnologias vestíveis devem trazer uma integração ainda mais forte com outras infraestruturas corporativas. Sua fusão é feita, segundo o executivo, de forma mais suave com ativos corporativos do que com puxadinhos em Byod. A Intel oferece APIs para conectar dispositivos vestíveis a sistemas de TI padrão. A Samsung Solution Exchange garante APIs para ISVs para que seus smartwatches sejam integrados a sistemas, comentou.
Porém, existe um ponto de atenção: existem diversas novas formas de se captar informações com dispositivos conectados ao corpo. Google Glass pode gravar reuniões sem que ninguém perceba ou fotografar protótipos de forma sutil. Há ainda armazenamento inadequado de dados em dispositivos que podem ser roubados ou perdidos.
O uso de tecnologias vestíveis no ambiente corporativo ainda deve demorar para se tornar usual, mas a exposição que o hábito pode causar à segurança da informação não deve ser ignorado. Você já parou para pensar nisso?
*Vinícius Boemeke é diretor de marketing da MDM Solutions