As recentes regulamentações da telemedicina no Brasil já enchem os olhos dos investidores das empresas de tecnologia da área médica -- as chamadas HealthTechs. A previsão é de crescimento a jato no número de usuários e no faturamento nos próximos dois anos.
A Amigo Tech S.A., por exemplo, estima que o seu aplicativo “Amigo One” atinja 200 mil médicos neste ano e dobre sua base até 2024. O objetivo do app é unir e simplificar as atividades de assistência médica (presencial ou por telemedicina) em uma solução 100% mobile, iniciativa inédita no setor. R$ 10 milhões foram investidos na ideia.
“Neste aplicativo, o médico pode emitir atestado, organizar prontuários, fazer prescrição de medicamentos, organizar sua agenda e realizar a própria contabilidade, entre outros serviços. Tudo numa única plataforma”, resume o engenheiro Fernando Raposo, sócio e idealizador do projeto.
A plataforma trabalha no formato ‘freemium’. Os clientes podem usufruir dos produtos disponibilizados para até dez pacientes. A partir deste número, é necessário adquirir o plano com uma mensalidade no valor de R$ 69,90. Com isso, o profissional da saúde pode utilizar os serviços de forma 100% integral e sem restrições no número de fichas cadastradas.
Houve ao menos três importantes avanços neste trimestre. A proposta que regulamenta a telessaúde (PL 1998/20) foi aprovada na Câmara dos Deputados e avançou para o Senado. O CFM também apresentou uma nova regulamentação, complementada por uma portaria do Ministério da Saúde, que ainda divulgou uma série de determinações para o exercício da telemedicina no SUS.
Entre as obrigatoriedades previstas para a prática no SUS estão a obrigatoriedade de que os profissionais estejam inscritos nos conselhos de classe e a garantia de sigilo das informações do paciente. No Amigo One, o profissional pode utilizar a plataforma desde que tenha um CRM ativo e, assim como pacientes, ter seus dados protegidos de acordo com as novas regras da LGPD.
Se um dia teleconsulta foi algo experimental, agora, um em cada três médicos já realizam o procedimento, segundo pesquisa da Associação Paulista de Medicina (APM) e da Associação Médica Brasileira (AMB). Do lado dos pacientes, a aceitação também é muito boa. De acordo com o estudo, 64,3% dos pacientes não somente aceitam a telemedicina, como gostam da modalidade.