A realidade virtual (RV) destaca-se em crescimento na área de saúde mental, potencializando a eficácia ou expandindo possibilidades de intervenção em tratamentos tradicionais. A TF Mind surgiu como uma ferramenta no tratamento de fobias e outras condições neste campo terapêutico.
Em parceria com a Oction, empresa que desenvolve softwares para óculos de RV, a TF Mind criou cenários para tratamentos de fobias de dentista, hospital, sangue e agulhas. A ideia surgiu de uma demanda do próprio âmbito clínico. “Eu trabalhava com plataformas de fora do Brasil e não havia esses cenários”, afirma Nataly Martinelli, psicóloga clínica e fundadora da TF Mind. Além disso, Nataly relata não haver até então uma plataforma disponível na língua portuguesa no Brasil.
Um estudo americano, exemplo que motiva o uso de RV, teve como resultado a diminuição significativa da aracnofobia em 83% dos participantes e alguns descobriram que conseguiam se aproximar de uma tarântula de verdade. “É uma ferramenta que vem para ajudar. A pessoa não precisa imaginar o contexto, ela vivencia aquele contexto”, relata a psicóloga.
Hoje aproximadamente 35 milhões de pessoas no Brasil apresentam fobia. De 10, apenas 1 busca atendimento terapêutico. Os cenários, que incluem avatares para respiração e relaxamento, visam ativar o sistema parassimpático do paciente, uma vez que diante do objeto temido o sistema simpático está exacerbado.
Com isso, cria-se um processo de habituação e diminuição considerável do medo e da ansiedade pelo objeto temido. A plataforma traz ainda cenários lúdicos que auxiliam no processo de dessensibilização do paciente.
A recomendação de frequência deste tipo de terapia é de uma vez na semana em sessões de 50 minutos, onde o paciente ficará na RV por até 20 minutos. Tudo isso varia, é claro, conforme o protocolo de atendimento caso a caso.
Alessandro Barleze, fundador da Oction e sócio da TF Mind, conta que já estão a mais de 1 ano desenvolvendo os cenários e roteiros para a plataforma que tem previsão de lançamento em abril de 2020. A plataforma poderá ser adquirida por psicólogos, psiquiatras e neurologistas ou mesmo clínicas em formato de licenças mensais, semestrais ou anuais.
O road map da empresa prevê a construção de outros cenários, incluindo tratamentos de pacientes dentro do espectro autista, e a disponibilização de exercícios em dispositivos móveis, onde o paciente poderá ser monitorado pelo profissional mesmo fora do consultório. Pretendem, ainda, expandir a partir do ano que vem para a América Latina.