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Dois olhares sobre a era phygital na Saúde

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As ferramentas necessárias para a aplicação de uma nova Saúde, mais estruturada em seus processos, já estão disponíveis. Falta, no entanto, capacitar todos os usuários desse sistema híbrido

A integração dos mundos físico e digital já é uma realidade com nome próprio: phygital. E, se até dois anos atrás esses canais eram realidades distantes no universo da Saúde, a união de agora promete trazer maior fluidez na relação entre organização, paciente/beneficiário e profissional da Saúde para melhorar a experiência de todos os envolvidos.

A pandemia foi a grande responsável por acelerar a transformação digital na Saúde, que agora permite e incentiva o uso da telemedicina, modalidade que vinha sendo debatida pelas sociedades médicas nos últimos anos, embora sem grande entusiasmo. Mas o bom uso do phygital precisa ir além de um par de consultas feitas de casa, pela tela do computador ou do celular.

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“O paciente ainda precisa aprender mais sobre tudo o que pode consumir por meio da Saúde Digital e penso que as todas as organizações que compõem o sistema de Saúde devem ser responsáveis por ajudá-lo a entrar nesse novo mundo, deixando claras as vantagens e possibilidades",

Martha Oliveira, fundadora e CEO da consultoria Designing Saúde e da Laços Saúde

Por um lado, ainda falta capacitação

A começar pela qualidade que esse atendimento virtual deve ser feito. “A telemedicina cresceu e se consolidou, mas o profissional da Saúde ainda desconhece toda a capacidade da ferramenta e precisa aprender a fazer uma teleconsulta de qualidade, já que há maneiras certas de se portar frente à câmera para ser melhor compreendido do outro lado”, enfatiza a médica Martha Oliveira, fundadora e CEO da consultoria Designing Saúde e da Laços Saúde, que também já foi diretora-executiva da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

A capacitação e o treinamento das equipes, portanto, é uma das bases que vai ajudar na construção certeira desse novo cenário de Saúde Digital que se aproxima. “Antes dos investimentos nas ferramentas, gestores e criadores de inovações precisam desempenhar um papel introdutório dessas tecnologias para quem vai de fato utilizá-las, seja o paciente ou o profissional de Saúde”, reforça Martha.

Mas tem ajudado a desafogar o sistema

Mesmo que ainda falte treinamento para o uso das ferramentas digitais, há de se concordar que sua adoção foi essencial durante o período da pandemia - e continua o sendo em tempos de alta dos casos de Covid-19, como o que vivemos no começo de 2022. Sem a telemedicina e os softwares de gestão, por exemplo, a busca por atendimentos poderia ter impactado e paralizado o sistema de Saúde como um todo.

“O aumento dos casos da variante ômicron fez com que a Saúde precisasse se reinventar para dar conta do alto volume de diagnóstico que se apresentou. Em determinadas cidades houve até mesmo racionalização de testes diagnósticos, que chegaram a ser reservados apenas para pacientes em estados mais graves. Mas, para evitar essa situação, o digital tem permitido trabalhar uma gestão do estoque de medicamentos, insumos e materiais mais eficiente, com indicadores que alertam para o tempo correto de compra e a quantidade ideal, a partir do aumento dos atendimentos”, sugere Chrystina Barros, membro do Grupo Técnico de Enfrentamento à Covid-19 da UFRJ.

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“O principal mote para a gestão da Saúde durante a pandemia em 2022 tem sido trabalhar em resolutividade e acesso. Com mais pessoas recebendo atenção primária, dá para tratá-las de maneira menos invasiva e menos onerosa com o apoio da Saúde Digital”

Chrystina Barros, membro do Grupo Técnico de Enfrentamento à Covid-19 da UFRJ

Outro benefício citado por Chrystina, graças ao phygital, foi o acesso facilitado à informação e ao histórico médico de cada paciente para que as equipes médicas pudessem estudar e adaptar a oferta de leitos disponíveis e não faltassem vagas, como aconteceu no começo da pandemia: “embora seja mais contagiosa que as cepas anteriores, a variante ômicron provoca bem menos casos graves e óbitos entre pessoas já vacinadas e, por isso, a gestão da Saúde pôde organizar melhor os leitos disponíveis conforme a demanda se apresentava.”

Entre sensores e robôs

Com o crescimento do uso dessas ferramentas e uma vez que todos estejam capacitados para o bom uso do digital, outras inovações podem surgir a partir do aumento do uso da telemedicina na assistência.  Um exemplo é a prática da medicina preditiva através de inteligência artificial e de biossensores, que captam informações dos pacientes - ou até de suas residências -  somando uma quantidade expressiva de dados que permite a adoção de uma medicina personalizada  de fato.

O phygital também prevê uma robotização, que permitirá que haja auxiliares pessoais personalizados para acompanhar e socorrer pacientes crônicos e aqueles que necessitem de cuidados especiais, chamando o atendimento médico presencial sempre que for preciso.  Mais uma prova de que esses dois mundos se uniram de vez em prol da boa Saúde.

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