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Ciência de dados na Saúde Digital deve focar na resolução de problemas reais

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Tecnologia aliada à expertise humana revela onde estão as principais barreiras de sustentabilidade do negócio entre os vários processos de uma organização de Saúde

Quais são os pontos-chaves para uma organização de Saúde da atualidade? Responder esse tipo de pergunta ficou mais fácil desde que uma ferramenta fundamental passou a ser adotada no contexto da Saúde Digital: a ciência de dados. “As informações mais relevantes para a Saúde sempre existiram. O que acontece é que antes elas estavam muito distribuídas em ilhas e bases de sistemas distintos, mas agora podem ser consolidadas, analisadas e interpretadas em um centro de comando com a ajuda da ciência de dados”, resume Eduardo Ceccon, gerente de projetos Command Center in Health da MV.

Desde que o matemático britânico Clive Humby disse que “os dados são o novo petróleo”,  negócios de todos os setores da economia voltaram seus olhos para a ciência de dados - e com a Saúde não foi diferente. O cientista de dados, um profissional com sólida formação em tecnologia, matemática e estatística, já aparece no topo da lista das profissões do futuro por ser capaz de trazer discernimento, conhecimento e capacidade humana para a análises de arquivos digitais. E, no caso da Saúde, tal habilidade é ainda mais crucial porque seus temas são sensíveis e muito específicos do setor.

“A ciência de dados não se trata apenas de algoritmos ou habilidades técnicas avançadas. A maior vantagem em usá-la é manter o foco na resolução de problemas. O envolvimento com os dados permite a leitura do legado de uma instituição e sua projeção para o futuro, de acordo com o que está sendo feito agora, mas isso só é feito porque há um problema já instalado e presente que precisa ser resolvido”, acredita Ceccon.

Embora o cientista de dados seja peça importante nesse contexto, o especialista admite a dificuldade em encontrar profissionais capacitados para a tarefa: “Com tantas habilidades necessárias à profissão, costumo brincar que buscar esse profissional é quase como tentar encontrar um unicórnio.” Por isso, uma visão mais ampla está sendo traçada para que a formação em ciência de dados abranja mais membros de uma equipe multidisciplinar.

Tal diagnóstico encontra respaldo no report Profissional, tecnologia e gestão: as transformações necessárias rumo à Saúde Digital, que afirma: “O futuro da Saúde Digital depende de profissionais mais empáticos, multidisciplinares, que saibam atuar em equipe, empoderem seus pacientes e tenham a capacidade de pensar em ferramentas e modelos de gestão que tenham como foco a prevenção e predição e, assim, promovam mais saúde e bem-estar para os indivíduos.”

Para Ceccon, na Saúde Digital vale mais investir o tempo das equipes no aprendizado do negócio em si e de quais alavancas podem fazê-lo prosperar ou decair do que ter uma ciência de dados apenas focada em linguagens de programação, como a phyton, por exemplo. “A tecnologia é fantástica, mas conhecer as variáveis de mercado que estão acontecendo agora e são atreladas à maximização positiva ou negativa do negócio é o fundamental”, afirma, garantindo que essa visão ajuda a gestão da Saúde a compreender melhor o benefício da tecnologia aplicada à resolução de problemas.

A ciência de dados na Saúde Digital, portanto, deve ser utilizada para a melhor compreensão dos processos da instituição, de forma a que as práticas assistenciais e administrativas sejam mais tranquilas,  seguras e rentáveis. A tecnologia e a expertise humana são as duas grandezas capazes de garantir esse desfecho. Mas, para isso, é preciso saber onde se quer chegar e onde estão os problemas.

“Se a ciência de dados revela onde estão os problemas de sustentabilidade do negócio entre as centenas ou milhares de processos dentro de uma organização, o Command Center, o centro de comando em Saúde da MV, vai além e pode organizar a tecnologia e a expertise humana da própria organização para alcançar melhores resultados no negócio traçado”, explica Ceccon. Para isso, trabalha com a identificação de duas linhas nas chamadas não-conformidades: falhas e problemas. A primeira refere-se a pequenos ajustes em um processo que ainda precisam ser feitos para que se alcance a excelência. Já os problemas são mais complexos de serem resolvidos, porque necessitam de um conhecimento maior do negócio em si.

“As chamadas falhas da operação são resolvidas rapidamente após a instalação de um Command Center, mas esse percentual é muito pequeno quando comparado ao total de não-conformidades. Os problemas, por sua vez, demoram mais para serem resolvidos porque são mais complexos e dependem de causas práticas do dia a dia, como falta de treinamento da equipe, falta de processo em determinada área, alta rotatividade de equipes e de pessoas na instituição, entre outros”, elenca Ceccon, lembrando que, mesmo com o avanço da tecnologia, nunca devemos nos esquecer de como as boas práticas são fundamentais na solução de problemas.

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Por Renata Armas, redatora da agência essense