Apesar de complexo, o problema tem solução simples, embora necessite de experiência, capacitação e organização por parte dos gestores.
A saúde do meu doente será a minha primeira preocupação. A frase é verdadeira e parte dos princípios de Hipócrates, pai da medicina. Mas antes do doente/paciente ser efetivamente avaliado por médicos, os percalços sofridos pela população começam na porta de entrada de hospitais e clínicas médicas, que retêm as macas das ambulâncias para suprir suas deficiências. Ou seja, a falta de macas e de gestão! Esse é um problema amplamente conhecido e que recentemente foi abordado em uma grande reportagem de uma das principais emissoras de TV do país.
A falta de maca nos hospitais é real, tendo como consequência
a ausência
deambulâncias nas ruas. No outro lado da história está o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU): por ter suas
macas retidas, ou não faz o atendimento necessário ou, quando o faz, entrega o
paciente em óbito, devido à demora do atendimento.
O
problema é complexo, grave e antigo, mas a solução é mais simples do que se
imagina. Na prática, o que falta é experiência, organização, logística e,
principalmente, uma efetiva gestão hospitalar.
Hoje, uma maca fixa de hospital custa em torno de 10% do valor de uma maca (permanente) de ambulância, mais caras em virtude das especificidades, como tamanho e modelo do veículo de transporte. as falta de socorro, de ambulâncias, de maca e o corpo estendido no chão, o que se tem de imediato são as desculpas previamente justificadas. As mais usuais são a falta de verba e a superlotação. Mas tudo isso poderia ser resolvido se antes, prevendo o desastre, as instituições pensassem na gestão logística. E que isso estivesse a cargo de uma equipe formada por gestores responsáveis, experientes e capacitados, que colocassem a logística como um dos ápices de suas organizações.
Entre
O valor de uma maca fixa é irrisório, se comparado às perdas e custos elevados que os hospitais têm pela má gestão. Macas, como outros tantos insumos, correspondem pelo segundo maior custo das instituições de saúde, perdendo apenas para a folha de pagamento. Por sua importância na operação e nas finanças, era de se esperar que hospitais e clínicas tivessem um rígido controle de compra, armazenamento, uso e rastreamento de seus insumos. Mas o que analisamos na prática é que, em média, 30% dos estoques são desperdiçados e o índice de obsolescência chega a 20%, o que pode resultar em perdas de até 15% da margem financeira do hospital privados.
Para
salvar um hospital doente é preciso enfrentar a doença, com bom diagnóstico
(gestão) e procedimento cirúrgico (logística). Basta extirpar o mal pela raiz,
ou seja, o desperdício. E providenciar um bom atendimento desde a porta de
entrada: com macas, por favor!
Domingo Fonseca - Presidente da UniHealth Logística Hospitalar