A telemedicina já pode ser considerada uma ferramenta que melhora o acesso e a qualidade dos cuidados de saúde, além de garantir a segurança dos pacientes. Nos últimos anos, seu crescimento tem sido notável, impulsionado por avanços tecnológicos, pela necessidade de ampliar o acesso à assistência médica e, bem como pelas ocorrências oriundas da pandemia da COVID-19.
A pandemia acelerou a adoção da telemedicina em larga escala e, no Brasil, este recurso tornou-se um grande facilitador para os serviços de saúde.
Uma das principais vantagens da telemedicina é o monitoramento remoto de pacientes com condições crônicas como diabetes, doenças cardíacas ou pulmonares. Dispositivos médicos conectados permitem a coleta de dados de saúde, tais como pressão arterial, níveis de glicose no sangue e saturação de oxigênio, que podem ser compartilhados com os médicos sem a necessidade de visitas constantes às instituições de saúde.
Além disso, a telemedicina pode ser utilizada para triagem e diagnóstico preliminar de pacientes. Plataformas online permitem que os pacientes relatem seus sintomas e interajam com médicos para obter uma avaliação inicial: isto ajuda a direcionar os pacientes para o atendimento adequado, evitando visitas desnecessárias ao pronto-socorro ou atrasos no diagnóstico.
No entanto, com a rápida expansão da telemedicina, surgem preocupações relacionadas à segurança do paciente. Erros de diagnóstico podem ocorrer devido a uma comunicação inadequada durante a anamnese, exames físicos limitados ou a falta de acesso a certas áreas do corpo. Também, em alguns casos, há uma dependência maior dos pacientes e suas famílias para medir sinais vitais ou descrever achados físicos, o que pode levar a imprecisões.
Apesar dessas preocupações, a telemedicina também oferece benefícios. Em certas circunstâncias, os pacientes têm maior probabilidade de divulgar informações com precisão por meio da telemedicina do que em consultas presenciais. A interação com computadores pode reduzir a insegurança de revelação e permite que as emoções sejam expressas de maneira mais intensa do que se fossem interações presenciais.
Contudo, é importante ressaltar que alguns modelos de assistência à telemedicina demonstraram falhas na comunicação e no engajamento do paciente, por exemplo, a triagem de condições de saúde mental e comportamental por meio de questionários administrados antes das consultas, para identificar casos de depressão, ansiedade e abuso de substâncias, registrados com menos frequência do que em consultas presenciais.
Portanto, é fundamental que a expansão da telemedicina seja acompanhada de medidas que garantam a segurança do paciente. É necessário um aprimoramento constante das práticas de comunicação, treinamento adequado dos profissionais de saúde e o desenvolvimento de diretrizes claras para o uso responsável da telemedicina. Afinal, seu potencial para melhorar o acesso e a qualidade dos cuidados de saúde é inegável, mas devemos assegurar que isso seja feito com segurança e responsabilidade.
*Dr. José Branco é fundador e faz parte da direção executiva do IBSP – Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente, Diretor Técnico do INDSH – Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano e Diretor Médico da CloudSaúde.