Os sistemas de hospitais ou clínicas foram projetados para evitar problemas de segurança, mas como manter o mesmo padrão quando o usuário está em casa, transmitindo os dados coletados por sensores e dispositivos IoT para a organização de saúde a partir de sua rede doméstica? "É bem diferente usar o serviço de saúde de casa usando sensores e dispositivos conectados do que fazer um exame em um ambiente hospitalar, que conta com profissionais capacitados em questões de segurança," diz Jéferson Nobre, membro do IEEE, maior organização técnica do mundo dedicada ao avanço da tecnologia para o benefício da humanidade, e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Jéferson Nobre vem trabalhando nos últimos anos para atingir o objetivo de uma comunicação segura, e conta que para isto é preciso criar um "mecanismo de segurança que funcione praticamente sozinho, em uma área de pesquisa que chamamos de IoT Onboarding." "O uso de sensores para fazer exames médicos é algo que tenho pesquisado há algum tempo, e é uma área que eu considero fundamental," conta Nobre. O paciente está em sua casa com um sensor, então "é preciso fazer com que ele se conecte na rede doméstica e fale com a rede do hospital de forma automática, segura e de preferência, sem nenhuma intervenção do usuário," diz o especialista.
Mas, por qual motivo usar sensores que monitoram a saúde do usuário ao invés dele simplesmente ir até o hospital ou clínica para fazer exames? Existem alguns fatores, mas o principal, segundo Nobre, é que "o uso de sensores pode representar um aumento da qualidade de vida de alguns pacientes, que sem eles teriam que fazer exames intrusivos. Isso é algo que tem um impacto muito direto, e é um dos motivos que me atrai na área de saúde." A transmissão de dados por sensores ou outros dispositivos também pode ajudar a evitar longas permanências hospitalares, mas ela depende de "garantias adicionais de telecomunicações", conta Nobre. Ele conta que isso é feito por uma criptografia especial, e que além da transmissão, é preciso "armazenar estes dados de forma segura, para poderem ser acessados por diversas instituições de saúde, e para isso utilizamos a tecnologia blockchain."
Jéferson Nobre trabalhou muito tempo com assinatura cardíaca e contexto biomédico, e agora tem se direcionado mais para esses dois pontos, a segurança dos dispositivos e da transmissão dos dados gerados por eles. "Nosso objetivo é fazer a transmissão segura das informações e também um armazenamento seguro em blockchain," conclui.