Criar um edifício mais dinâmico e eficiente não é a única vantagem da Internet das Coisas (IoT) aplicada à infraestrutura hospitalar. A redução de custos e de riscos também faz parte da extensa lista de vantagens de transformar um hospital em um edifício inteligente, capaz de detectar problemas e administrá-los automaticamente.
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Para entender melhor como essa tecnologia pode beneficiar as instituições de Saúde, conversamos com o professor doutor Wagner Sanchez, coordenador acadêmico do MBA em Health Tech do Centro Universitário FIAP, em São Paulo.
Saúde Business: Como a Internet das Coisas pode ajudar o hospital a antecipar e gerenciar de forma inteligente os assuntos cotidianos relacionados às instalações da instituição, em especial gerenciamento de energia?
Wagner Sanchez: Estamos vivendo um momento de total reinvenção da nossa sociedade em função das expectativas das pessoas e das evoluções exponenciais das tecnologias. Buscamos, consciente ou inconscientemente, uma sociedade mais eficiente, uma "smart society" - aquela construída com base nas fusões das tecnologias exponenciais, visando privilegiar a essência humana. E as instalações dos hospitais não podem ficar de fora destas transformações.
Antever e remediar imediatamente possíveis falhas precisam estar na pauta dos gestores prediais dos grandes centros médicos, principalmente quando focamos no gerenciamento de energia, insumo essencial para que as operações médicas aconteçam de forma eficiente. A Internet das Coisas, com seus inúmeros sensores e aliada a outras tecnologias de inteligência artificial, pode proporcionar uma instalação médica altamente cognitiva, pró-ativa e até preditiva. Pode entregar informações e conhecimento aos gestores para as melhores tomadas de decisões, sejam elas relacionadas a uma possível falta de energia, à otimização do consumo ou à redução de custos com a compra de energia.
Os sensores espalhados por todo o edifício, junto a conectados a uma grande rede inteligente, enviando os mais diversos tipos de dados, podem gerar uma base de conhecimento incrível. Além de prever falhas, isso permite encantar os clientes, por exemplo, com o acionamento inesperado de uma luz, o ajuste automático no ar condicionado ou até mesmo o oferecimento de um café para o acompanhante, em uma cafeteira acionada automaticamente. Ou seja, a tecnologia em prol do bem-estar das pessoas, trazendo diferenciais competitivos e impulsionando os negócios.
SB: Como a IoT pode atenuar o risco de edifícios inseguros, causados por projetos, layout, manutenção ou operações ineficientes?
Wagner: Com um edifício totalmente monitorado por sensores IoT conectados a um sistema inteligente, os gestores podem ter - em tempo real - todas a condições estruturais, climáticas, lotação de público acima do indicado em elevadores ou ambientes, movimentações das pessoas pelas escadas, acionamento de bebedouros ou outros dispenser de alimentos (que podem indicar uma espera acima do normal), câmeras fazendo interpretação das emoções das pessoas (indicando estarem felizes ou infelizes), entre outros. Todos esses dados acumulados por algum tempo podem indicar imperfeições nos projetos iniciais e, principalmente, indicar melhorias. Além disso – e mais importante: apontar inseguranças nas estruturas.
SB: Quais ganhos a instituição pode perceber mesmo em um estágio inicial de adoção dessas ferramentas?
Wagner: Os equipamentos de IoT entregam ganhos logo no início de suas instalações, pois imediatamente passam a enviar o monitoramento em tempo real para os gestores, que podem tomar decisões mais rápidas e assertivas, sem depender dos relatos de clientes e funcionários. Ou seja, antes de que uma reclamação chegue, é possível tomar uma atitude simples e corrigir o problema.
Um exemplo simples para ilustrar: imagine um ambiente de espera que está com a temperatura alta e as pessoas estão começando a se incomodar. Sem a IoT, seria preciso a pró-atividade de um funcionário, o que às vezes não acontece, ou a reclamação de um cliente. Um simples sensor de IoT poderia fazer com que um led vermelho piscasse em uma mesa de operações assim que a temperatura chegasse a tantos graus. Com esse sistema, antes que as pessoas sentissem desconforto em relação à temperatura, o mecanismo de correção do problema seria acionado. Imagine a quantidade de aplicações que poderíamos ter dentro de um hospital!
SB: Poderia nos dar exemplos de sistemas que podem funcionar de forma integrada com o sistema de energia em um hospital?
Wagner: Algumas aplicações da IoT com os sistemas de energia dos hospitais:
- Sensores de monitoramento remoto de temperatura: alta temperatura em cabos ou equipamentos pode significar que não foram dimensionados corretamente, causando desperdício de energia.
- Monitoramento dos pacientes: monitorar em tempo real os pacientes internados significa ter informações para otimizar corretamente a energia, que pode ir desde o desligamento de uma TV quando ele dorme até o desligamento de equipamentos quando o paciente deixa o quarto por algum motivo.
- Transporte e armazenamento de vacinas e outros suprimentos que precisam de refrigeração: refrigeradores conectados em uma solução de IoT proporcionam a otimização do consumo de energia.
- Monitoramento de performance de equipamentos: podemos monitorar o uso de dispositivos IoT para garantir boas performances de equipamentos tais como desfibriladores, bombas de oxigênio, aparelhos de escaneamento humanos e qualquer outro ligado em energia elétrica.
- Prevenção de falta de energia: em um hospital, a falta de energia é inadmissível, e o sistemas de IoT podem ajudar, e muito, os sistemas de redundâncias em relação à energia.