Em 2021 as ferramentas digitais já não são mais novidades. Mas, enquanto assistimos um mundo cada vez mais equipado, com dispositivos e aplicativos feitos sob medida para cada demanda e, literalmente, as soluções chegam com alguns cliques, ainda vemos grandes e importantes classes profissionais desassistidas tecnologicamente.
Segundo estimativa da Anestech, healthtech catarinense, 92% dos anestesistas do Brasil ainda usam papel e caneta para registrar os prontuários dos pacientes. “Quem não é da área da saúde pode até desconsiderar o impacto disso, mas quem trabalha nos hospitais sabe bem o que isso significa. Durante um procedimento cirúrgico, um anestesista deve fazer registros a cada cinco minutos. Em cirurgias complexas, isso pode significar mais de cem anotações a cada operação e, tudo isso, anotado em folhas de papel. Imagine a complexidade e o cuidado para analisar todas essas informações”, destaca Diógenes Silva, CEO da Anestech.
Foi percebendo essa dificuldade e, principalmente, o desperdício de informação que envolve esse processo, que surgiu a ideia, então seguida da famosa transformação digital, que hoje revoluciona os hospitais brasileiros e deve chegar em breve aos hospitais de todo o mundo – o aplicativo AxReg, desenvolvido pela Anestech e disponível para anestesiologistas de todo o País.
A plataforma foi pensada em 2009, por Diógenes Silva e Leandro Curado, ambos então residentes de anestesiologia, que perceberam, na prática, que a falta de digitalização dos seus trabalhos significava uma realidade preocupante: os dados da saúde estavam sendo desperdiçados. Dessa ideia, nasceu em 2012, a Anestech, startup do setor de saúde, voltada para a área de anestesiologia. De lá para cá, a empresa já acumula oito premiações de destaque, dentre elas, o Prêmio Inovação Startup Saúde, Desafio Pfizer e Cubo Itaú, comprovando que não só de ideias vive uma empresa próspera. Recentemente, recebeu aporte de R$3 milhões de investidores-anjo, os quais serão destinados para as próximas melhorias e posterior expansão da empresa para territórios internacionais. Comando de voz, reconhecimento facial e, até um colega virtual, estão previstos para as próximas versões do AxReg.
No Brasil, 6% de toda a classe médica é composta por anestesiologistas. Ou seja, aproximadamente 30 mil médicos dependem ainda do sistema tradicional: papel e caneta. Contudo, aqueles que já conheceram o AxReg vivenciam a prática de uma inovação simples, necessária, segura e integrada, que pode representar a diferença na vida dos pacientes. 390 mil cirurgias já foram registradas, documentadas e avaliadas pelo aplicativo, compilando uma infinidade de dados úteis para a gestão hospitalar e importantíssimos para a evolução médica.
O aplicativo está disponível em duas versões. A versão gratuita tem recursos que já facilitam a análise da ficha anestésica digital para todo o processo perioperatório: pré-anestésico, intraoperatório e pós anestésico em SRPA (Sala de Recuperação Pós-Anestésica). E a versão completa, que pode ser adquirida por grupos de médicos anestesistas, hospitais e instituições diversas de saúde, além de toda ficha anestésica digital, permite o uso integral das funcionalidades e recursos necessários à totalidade da função do anestesista. Nesta versão, o aplicativo possibilita a integração com o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) e monitores multiparâmetros, que permitem as medições e a monitoração dos gases utilizados em anestesia e, ainda, existem opções de multiambientes, seguindo as mesmas regras em relação ao que é realizado em um local físico.
Segundo Diógenes, o aplicativo é uma revolução no cuidado perioperatório. “Todos os registros são muito importantes, mas o AxReg não nasceu somente da necessidade de digitalizar as informações cirúrgicas, mas de melhorar a experiência do anestesista, entregando uma ferramenta que o ajude a melhorar sua performance e a assistência ao paciente. Ele tem nas mãos milhares de análises possíveis e que podem nortear toda a equipe num procedimento cirúrgico”, afirma.
Completamente inovador, o AxReg tem funções de mapa cirúrgico integrado, processo perioperatório completo, avaliação pré-anestésica, ficha transoperatória e módulo de impressão otimizado. O AxReg coloca todos esses registros no ambiente digital e faz a leitura e o cruzamento de dados em tempo real, trazendo amplitude de visão para o anestesista e equipe, agilidade no processo de consulta das informações do paciente e quadro operatório, além de, claro, oferecer maior segurança de que os dados não serão mal interpretados, trocados ou apenas, ignorados.
O acompanhamento dessas métricas e da performance do centro cirúrgico de maneira simples, eficiente e segura, auxilia tanto a equipe médica, quanto os gestores hospitalares, que podem utilizar dados confiáveis para a análise de estatísticas, melhorias no atendimento e definição de planejamentos. Dentre os gráficos, é possível acompanhar os procedimentos realizados, conhecer o uso e o volume dos fármacos e gases anestésicos, saber a ocupação das salas, o destino pós-cirúrgico, além de outros importantes indicativos. Como toda evolução tecnológica, o objetivo inicial foi facilitar e otimizar os processos, visando a performance da área e, consequentemente, sua segurança. Agora, quando o avanço tecnológico envolve a área de saúde, as healthtechs estão aí para fazer bem mais do que isso, pois a inovação, muitas vezes, pode representar também a sobrevivência e o salvamento de vidas.