Com investimentos que somam mais de R$ 90 milhões e a maior série A da história da saúde na América Latina, Sami quer transformar o sistema de saúde privado brasileiro
A ANS calcula hoje 1.188 Operadoras de Saúde com registro ativo no Brasil (números de agosto/20). No entanto, somente 10 empresas detém mais da metade do número de beneficiários de planos de saúde no país. Como entrar e ser competitivo neste mercado? Segundo Vitor Asseituno, médico, Presidente e Co-fundador da Sami, é fazendo o que a maioria das outras operadoras não fazem: gestão de saúde do usuário de fato.
A comparação é que a Sami chegou para ser o NuBank da saúde. Do mesmo jeito que o banco digital trouxe um produto já conhecido pelo mercado, um cartão de crédito, a Sami traz o já conhecido plano de saúde. A inovação em si está por trás disso, com gerenciamento de dados e muito investimento em experiência do cliente.
Um dos pilares da tese é a criação de uma rede otimizada de provedores. Isso facilitará tanto a troca de dados, necessária para a gestão do paciente, como a negociação em novos modelos de remuneração que fujam do fee-for-service. A rede enxuta é uma contraposição ao legado do passado onde acreditava-se que quanto maior a rede, melhor a qualidade do plano. A Sami quer construir uma rede com poucos prestadores, mas muito bons, onde seja possível acompanhar a qualidade e efetividade.
Outro diferencial é o modelo de gatekeeper obrigatório, ou seja, o usuário precisa necessariamente passar pela atenção primária antes de acessar níveis mais complexos de cuidado. Isso poderia ser um problema se você fosse obrigado a se deslocar até um consultório em determinada data e horário. Entretanto, o médico de família poderá ser acessado via telemedicina 24h por dia através do aplicativo da operadora. “Isso é boa medicina! É a mesma pessoa te atendendo, que te conhece. Se precisar de um cuidado especializado, ela vai te indicar o certo. A efetividade do cuidado vai ser maior”, explica o médico.
Para realizar tudo isto, a Sami recebeu mais de R$ 90 milhões em investimentos. Foi a maior rodada de investimentos série A da história da saúde na América Latina. Os fundos que apostaram na Sami, já investiram em 7 dos 13 unicórnios brasileiros investidos por Venture Capital (VC) no Brasil, como 99, Gympass, Rappi e Loft.
A série A foi co-liderada pelos fundos Valor Capital Group e Monashees. Em 2019, a empresa já tinha sido investida pela Redpoint Ventures e Canary. Ou seja, dos 5 principais fundos de VC da América Latina, quatro apostaram na mesma tese. “São fundos que conhecem o setor, entendem o tempo de maturação, os desafios e a mudança cultural que está sendo proposta”, afirma Vitor.
O grupo de advisors criado para que a tese se torne realidade é composto pelo ex-CEO da Amil, Sérgio Ricardo, o co-fundador da 99, Paulo Veras e o ex-CTO da Oscar Health (um dos benchmarks da Sami) e ex-VP do Google, Alan Warren. Um time de peso formado por grandes nomes de diferentes setores.
E por falar em time, um fato curioso sobre a Sami é que a empresa cresceu mais de 4x somente no período da pandemia, o que significa que mais da metade dos funcionários nunca se conheceram presencialmente. “Construímos um plano de saúde em Home Office. Fomos ainda mais obrigados a ser digital!”, diz Vitor. A maior parte do quadro de funcionários é composta por desenvolvedores de software, afinal “Como você quer dar uma experiência como a do Netflix para seu usuário se você não investe o mesmo em tecnologia?”, brinca Vitor. Os colaboradores estão espalhados pelo Brasil, Índia e outras partes do mundo.
O lançamento do plano de saúde para pequenas e médias empresas na cidade de São Paulo será em novembro. A lista de espera será aberta hoje e os primeiros mil clientes terão Gympass incluso, outro diferencial da marca.
“Estamos olhando a saúde de fato, não apenas se seu plano tem grandes nomes de hospitais e laboratórios na rede. Queremos olhar a saúde de forma ampla: mental, nutricional, relacional, financeira. Entendendo o que importa para você, quais são seus objetivos de vida e te ajudar a chegar lá. Você precisa conhecer as pessoas para poder criar planos que de fato façam sentido para elas”, finaliza o co-fundador.