O Secretário da Saúde do Estado de São Paulo, David Uip, participou da abertura do 2º. Congresso Internacional de Gestão em Saúde ABRAMED, organizado pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica e que contou com a presença dos principais nomes do setor.
Durante seu discurso, o Secretário falou sobre o impacto da crise econômica vivida pelo Brasil na área da Saúde e o alto custo para manter a estrutura que o Estado possui. “A saúde no Brasil atua com base em um modelo hospitalocêntrico, ou seja, não existe um programa estruturado de prevenção, trata-se a doença, que tem um custo muito mais alto. Para o governo, é economicamente inviável seguir este modelo, sendo que 80% dos municípios do Estado têm menos de 30 mil habitantes e o custeio de um hospital é extremamente alto”, afirmou. “Os hospitais do interior trabalham com cerca de 50% de sua capacidade, diante disso, existe uma dívida enorme das Santas Casas. É preciso repensar a estrutura para atender esses municípios sem precisar de novos investimentos”, ponderou Uip.
O Secretário apontou ainda a importância de reverter este modelo e investir na prevenção. “O diagnóstico precoce, quando bem utilizado, pode trazer mais equilíbrio na gestão da saúde. Atualmente, nosso orçamento é de R$ 22 bilhões e, apesar de ser maior do que o orçamento de algumas cidades, ele é insuficiente para atender a nossa demanda, por isso, investir na prevenção pode ajudar na redução de custos”, explicou.
Uip também comentou sobre a PPP (Parceria Público-Privada) para a implantação da central de exames diagnósticos, que pretende centralizar um serviço que hoje é prestado de forma pulverizada. “Essa iniciativa, que já conta com dez candidatos, vai trazer melhorias na qualidade do serviço prestado e ainda vai baratear o nosso custo”, revelou.
Judicialização da Saúde
O Secretário finalizou sua participação no Congresso falando sobre como a judicialização da saúde pode trazer grandes prejuízos para o Estado. Uip pontuou que São Paulo já atingiu uma cifra semelhante ao nível Federal por conta das fraudes. “Não podemos generalizar. É claro que existem alguns casos em que a judicialização é pertinente, porém, já existem modelos estabelecidos que buscam onerar o Estado, nos obrigando a pagar por coisas que não tem o menor sentido. Recebo muitas intimações que, se não atender em 24 horas, sou ameaçado de prisão. Se não conseguirmos chegar em uma política de ajustes que perceba as dificuldades de cada setor e as mudanças que vem ocorrendo, não conseguiremos caminhar e desenvolver a saúde no Brasil”, finalizou.
O 2º Congresso Internacional de Gestão em Saúde promovido pela ABRAMED é voltado às lideranças da Saúde no Brasil e discute temas extremamente importantes, como sustentabilidade na prescrição e utilização de exames diagnósticos; incorporação tecnológica e compliance, com palestras e mesas de discussões com as principais lideranças do setor.