Quando começamos o CUCO há 2 anos, a saúde despontava na mídia como uma das próximas áreas a receber uma forte onda de tecnologias que mudariam o mercado.
Essa empolgação toda era justificável, afinal, grandes startups surgem de problemas reais do mundo que possam ser resolvidos por meio do uso de tecnologias. E outros setores passaram por transformações parecidas com resultados ótimos para o público final.
Isso não ocorria apenas no âmbito internacional, pois embora startups como o Uber tenham se tornado famosas mundo afora, em terras tupiniquins também víamos grandes cases disruptivos que chacoalharam setores, casos como o Easy Taxi um dos primeiros a pensar em mobilidade/transporte antes mesmo do Uber pousar por aqui, e do Nubank, com seu jeito inovador de lidar com seus clientes e que está deixando diversas instituições financeiras com as pernas bambas.
Bem, até agora falamos de problemas e resolução destes por meio de da tecnologia. Mas e na saúde, quem será o grande beneficiário dessa nova onda? E afinal, por que afirmo que ela irá ocorrer só agora e não aconteceu há dois anos?
Quem será o grande beneficiário por esta nova onda?
Quando pensamos em beneficiário é fácil associarmos logo de cara o paciente, não é? E acertou quem pensou nele, mas ponto também para quem pensou em operadoras de saúde, hospitais, clínicas, indústrias, enfim, a cadeia de saúde de modo geral.
Mas como todos podem ser beneficiados? A lógica na saúde pode ser ganha-ganha, desde que sigamos uma premissa importante, o Patient-Centered Care, ou seja, o cuidado do paciente respeitando suas preferências, necessidades e valores individuais, sendo esse indivíduo colocado como peça chave para toda cadeia.
Isso começa a fazer sentido quando percebemos que pacientes que têm suas necessidades identificadas e trabalhadas da maneira correta, não só vêm sua saúde melhorar, mas também, em contrapartida, reduzem custos para diversos players da saúde. Vejam que essa pequena mudança de pensamento transforma a maneira como todos olham a saúde, pois ao invés de focarmos em doenças, começamos a entender o paciente e que temos que ter uma visão mais ampla para focarmos em seu bem estar.
Mas então por que essa mudança não ocorreu antes no Brasil e porque será que agora isso irá acontecer?
A verdade é que a mudança na saúde é muito mais complexa do que em outros setores, pois além de ser uma área que possui forte regulação, e que nem sempre acompanha os novos avanços tecnológicos (as FinTechs também sofrem com regulações antigas), ela também depende de muitos players para fazer com que a engrenagem gire da maneira correta, e há dois anos atrás eram poucas as organizações que enxergavam ou acreditavam nessas mudanças.
Some a isso um mercado de startups de saúde muito mais maduro, que sabe o que quer, o problema que busca resolver e que entende que sua solução não fará milagres e que dificilmente resolverá os problemas de todo o setor.
Por isso o que se vê hoje são diversas dessas novas empresas organizando-se para trocar informações, pensar em modelos complementares de trabalho e educar o mercado. Bons exemplos são a Vertical Saúde da ACATE - Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia, ABSS - Associação Brasileira de Startups de Saúde, e o mais recente Health Innova Hub, idealizado pelo Dr. Fernando Cembranelli. Foi do Dr. Fernando também que partiu uma das primeiras iniciativas para educar o setor, com seus famosos Hangouts que ocorrem até hoje, e que há dois anos já envolviam de profissionais experientes do mercado até novos entrantes que gostariam de compartilhar suas percepções de futuro. Iniciativas como essas foram o estopim para que o mercado começasse a enxergar as novidades dessas startups com outros olhos e também se interessassem por participar desse movimento, em especial através de eventos do setor.
Como participamos muito desses eventos desde o início da nossa empresa, minha sócia Livia e eu percebemos também um aumento considerável na qualidade dos mesmos e das pessoas que estão participando. CEOs de grandes organizações de saúde reservam dias inteiros em suas agendas para participarem e não ficarem de fora do que é falado neles.
A quantidade de eventos de Healthtech planejados para ocorrer em 2017 é a prova de que todos estão de olho na onda. O HealthTech Conference reuniu milhares de pessoas no mês de junho e para os próximos meses teremos o +Saúde, Tecnologia & Inovação em agosto e o HIS - Healthcare Innovation Show em outubro.
Ecossistema pronto, agora é se preparar pois a onda está chegando
Ano passado um artigo meu publicado na EXAME falava sobre os Segredos do Vale do Silício para um negócio de sucesso, e adivinha quais, na minha opinião, eram esses segredos e o que eles têm em comum com o que falamos até agora?
No texto falei que as peças-chave eram Ecossistema de Inovação, Cultura Empreendedora e Coletividade.
Associando tais pontos à onda de saúde que conversamos, a Cultura Empreendedora fica clara pelo nível de maturidade que os empreendedores de saúde estão tendo nos dias de hoje e a Coletividade pelos movimentos de parcerias e eventos que não param de surgir.
A peça mais difícil de conseguir com certeza é o ecossistema de inovação, mas agora enxergamos que estamos nos aproximando desse caminho, pois o que vemos é uma infinidade de organizações de saúde não só conversando, mas também fazendo parcerias, negócios e investindo em tais startups que podem (e irão) trazer uma cara totalmente diferente ao setor nos próximos anos.
E você? Já está entrando na onda?