A apneia obstrutiva do sono (SAOS) é uma parada respiratória provocada pelo colabamento das paredes da faringe. Nos adultos, as principais características do distúrbio são suspensão da respiração por dez segundos em cinco ou mais episódios por hora de sono e redução dos níveis de oxigênio no sangue. A síndrome atinge tanto homens quanto mulheres e tem maior incidência entre os obesos, já que acúmulo de gordura na região abdominal comprime os órgãos e dificulta a respiração. A enfermidade pode causar ou agravar quadros de doenças cardiovasculares, como hipertensão arterial sistêmica, arritmias, infartos e insuficiência cardíaca congestiva, e está associada à morte prematura e acidentes de trânsito, já que causa sonolência diurna.
Para avaliar a eficácia do tratamento via Pressão Positiva Contínua nas vias aéreas (Continue Positive Airway Pressure, ou CPAP) - aparelho que produz uma pressão constante de ar que atravessa as vias respiratórias, impedindo assim, que a apneia ocorra - e também fornecer aos médicos assistência mais efetiva por meio da Medicina Baseada em Evidências (MBE), foi realizada uma revisão sistemática.
O estudo, publicado na Biblioteca Cochrane, incluiu 36 estudos com 1.718 pacientes e comparou o CPAP ao chamado placebo ou sham (remédio sem atividade farmacológica específica) e outros itens, como comprimidos, aparelhos orais, redução de peso e outras intervenções preventivas. Concluiu-se que a CPAP é eficaz na redução dos sintomas de sonolência diurna e, consequentemente, melhora a qualidade de vida das pessoas com apneia obstrutiva do sono, já que mantém as vias aéreas abertas durante a noite.
É relevante ressaltar que o placebo é um importante controle científico para mascarar determinadas técnicas e parte dos métodos utilizados em ensaios clínicos para ajudar os investigadores a determinar a eficácia de uma droga, por meio da Medicina Baseada em Evidências. Além disso, como explica Regina El Dib, professora assistente doutora do Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e pesquisadora do Instituto de Urologia da McMaster University (Canadá), a ciência na Saúde sofre algumas vezes questões de tendenciosidade. Observa-se que o pesquisador, na tentativa de comprovar sua crença e experiência clínica de que um determinado tratamento é mais efetivo que outro, muitas vezes, influencia sem intenção no resultado de sua pesquisa.
“Com a Medicina Baseada em Evidências, a conduta médica deve ser pautada por três alicerces: avaliação das circunstâncias do paciente, experiência do clínico, e as chamadas evidências, que nada mais são do que pesquisas de atualização e excelência a respeito de determinados tratamentos, doenças e quadros clínicos”, completa Regina.
Esta matéria é última de um especial de cinco capítulos que mostrou como a MBE e a gestão hospitalar informatizada trabalham para uma melhor segurança do paciente. Veja as primeiras: Medicina Baseada em Evidências #1: mais segurança na assistência à Saúde, Medicina Baseada em Evidências #2: o papel do médico, Medicina baseada em evidências #3: os erros principais e como evitá-los e Medicina Baseada em Evidências #4: indicadores ajudam médicos no trato com o paciente
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