Considerada por especialistas como forma de diferencial competitivo, a inovação pode agregar valor às iniciativas dos mais diversos setores. E quando se trata de um ambiente tradicional, repleto de processos e regulamentações, como o médico-hospitalar, há espaço para inovação?
É consenso entre os participantes da primeira mesa da MedTech, conferência do Hopital Innovation Show desta segunda-feira (28/09), que inovação aplicada ao contexto médico-hospitalar é não apenas importante como também necessária. No entanto, para que isto se torne realidade, alguns desafios ainda precisam ser superados, como a defasagem tecnológica, custos envolvidos na implantação de novas tecnologias, confidencialidade no tráfego de dados e a relação médico-paciente fora do ambiente hospitalar.
Para Thiago Julio, coordenador médico de tecnologia e inovação da Radiologia do Hospital Sírio-Libanês, todo profissional de saúde é curioso em sua essência e este é um indicador importante para a inovação. Entretanto, é preciso um ambiente que fomente iniciativas inovadoras. "O problema da falta de inovação muitas vezes passa pelas lideranças e processos de gestão. É preciso contar com uma estrutura que permita as oportunidades de inovação, pois todo profissional de saúde é naturalmente curioso."
Mesmo com os desafios que a inovação impõe aos profissionais da saúde, as novas tecnologias já são parte do dia a dia das pessoas, cabendo a esses profissionais lidarem com elas da melhor forma. Para Lydia Masako Ferreira, professora titular da UNIFESP, a ampliação do acesso à informação permite ao paciente chegar mais bem informado no consultório. “O relacionamento médico – paciente mudou para um relacionamento muito mais participativo devido às novas tecnologias. Acho muito mais justo que o paciente consiga participar ativamente de seu tratamento.”, disse Lydia.
Quanto ao uso das mídias sociais, os profissionais da saúde ainda buscam os caminhos para usá-las adequadamente, a fim de que a relação médico-paciente seja beneficiada, e não prejudicada. “Não adianta proibir o uso do WhatsApp. É preciso regulamentar. E quem vai dizer isso é o paciente e não necessariamente os órgãos reguladores.”, disse Diógenes Silva, CEO Anestech.
Para Renato Tomita, diretor clínico da Vida Bem-Vinda, pode-se adotar algumas estratégias para um melhor uso do WhatsApp. “Configurei meu WhatsApp de modo que as pessoas não saibam o último horário em que estive online. Procuro sempre responder às pessoas em horário comercial e identificar os casos mais urgentes para responder mais rapidamente.”
No fim, embora as discussões sobre inovação ainda sejam bastante pautadas pela tecnologia, em um ponto todos concordam: o que realmente deve importar são as pessoas. “É difícil ser inovador em meio a um sistema que ainda gira em torno do lucro. Mas há quem pense diferente, considerando a inovação como ferramenta para salvar vidas”, disse Cídio Halperin, cardiologista e investidor-anjo.
*Elaine Martins, especial para o Saúde Business