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6 principais tendências de tecnologia que irão transformar a medicina

A primavera no hemisfério norte é o momento onde ocorrem as grandes feiras de tecnologia nos Estados Unidos. Entre o final de março e meados de abril tivemos 2 dois mais importantes eventos do setor: o SXSW, que ocorre em Austin no Texas e a gigante HIMSS, voltada especificamente para a tecnologia e gestão em saúde e que esse ano foi realizada em Chicago. Os dois eventos são muito diferentes, com públicos bastante distintos. Enquanto o evento no Texas recebe um público mais jovem e focado em inovação de maneira ampla , a HIMSS é direcionada a executivos da área de saúde. Apesar das diferenças, as tendências apresentadas para a medicina nos dois eventos foram bastante semelhantes, o que demonstra que esses devem ser mesmo os focos de transformação da tecnologia para saúde nos próximos anos.

  1. Wearables: Acaba de ser lançado, no último dia 24 de abril o Apple watch. Esse é mais um dos gadges teconológicos com sensores e que podem medir e transmitir informações sobre a saúde do paciente. Em breve teremos sensores que medem em tempo real a glicemia do sangue, saturação de oxigênio entre outros parâmetros médicos. Uma inovação que chamou atenção na SXSW por exemplo foi uma meia que pode ser colocada no pé de bebês e que funcionam como um oxímetro de pulso. Faz parte da tendência também criar incentivos para que as pessoas usem esses instrumentos para cuidar da saúde. A gigante Walgreens (rede de farmácia americana) está criando um sistema que dá pontos para pessoas que monitoram a sua atividade física através de aplicativos.

  1. Experiência do usuário: O design está sendo cada vez mais considerado um aliado importante para melhorar o engajamento dos pacientes e com isso aumentar a adesão aos tratamentos e consequentemente melhorar os resultados obtidos. Nesse sentido, vários instrumentos que normalmente não são considerados como parte do arsenal de saúde estão sendo usados, como por exemplo vídeo games para acelerar reabilitação tanto muscular quanto neurológica.

  1. O poder está com os pacientes: Nos dois eventos chamou bastante atenção o espaço que foi dado aos e-pacientes. São pacientes, em geral portadores de doenças crônicas, que se tornam porta-vozes da opinião de todos os outros pacientes. Cada vez mais os fabricantes de equipamentos médicos e medicamentos estão percebendo que no final das contas os seus clientes são os pacientes (e não os hospitais, médicos ou empresas de seguro). O aumento na autonomia e no poder de escolha do paciente são um fato importante e aqueles que não se derem conta disso irão certamente perder mercado

  1. Big data e o Watson da IBM: Estamos produzindo dados de maneira exponencial, isso não é novidade. A grande vedete apresentada na HIMSS foi o super computador da IBM, o Watson que usa inteligência artificial para analisar essa enormidade de dados e tomar decisões. Na saúde o Watson já está sendo utilizada na oncologia. O computador analisa a história médica do paciente oncológico e compara com dados de pesquisas médicas, história de outros pacientes com câncer e vários outros bancos de dados dando suporte para seja tomada a melhor decisão de tratamento baseada em evidências.

  1. Impressoras 3D: o advento da impressão 3D torna viável a fabricação de produtos médicos personalizados. Os maiores beneficiados são os pacientes pediátricos que poderão ter instrumentos adequados ao seu tamanho o que antes não era possível devido ao custo de fabricação. Várias inovação devem surgir a partir do uso cada vez mais acessível da impressão em 3D.

  1. Cuidados a distância: Essa é uma questão polêmica no Brasil, já que a resolução do CFM de 2011 proíbe a realização de consultas pela internet ou telefone. Em países onde a regulamentação não impede o desenvolvimento tecnológico, a saúde está chegando a lugares que antes eram inacessíveis e melhorando o atendimento mesmo em lugares onde teoricamente não faltam médicos. Em pleno Vale do Silício, por exemplo, funcionários da Cisco são atendidos por um dermatologista a distância que analisa a pele do paciente através de um dermatoscópio de alta definição que o próprio paciente manipula. Com isso, foi possível diminuir o tempo de espera de meses para poucos dias na especialidade que é uma das mais demandadas e com menos profissionais habilitados.

A medicina é uma das áreas que mais resiste a inovação, o que é compreensível já que estamos falando da saúde, e em última análise da vida das pessoas. Isso não é de hoje, o estetoscópio por exemplo, levou mais de uma década para ser adotado pelos médicos e muitos o consideravam um equipamento que afastava o contato e esfriava a relação médico-paciente. Mas é inegável que a tecnologia tem muito a contribuir com a medicina e essas tendências apresentadas nas feiras recentes demonstram isso de forma evidente.

*Renata Velloso é médica e mora no vale do silício com a sua família desde 2011. É responsável pelo programa Doctors on the Cloud, que tem como objetivo fomentar a medicina brasileira através do uso profissional na internet