Muitos são os casos de iniciativas de sucesso quando o contexto parece estar apertado, desconfortável ou, há quem diga, desfavorável. Assim a saúde brasileira pode ser avaliada ao se observar o progressivo envelhecimento populacional, aumento dos crônicos, dos casos de maior complexidade, tudo somado à problemática do custo. Em contrapartida, de dentro deste universo desequilibrado é que surgem desde pequenas mudanças a novos modelos assistenciais, desenhando assim alternativas para a saúde do futuro.
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Um desses exemplos é a Unimed Vitória destacada três vezes neste Referências da Saúde. Desafiada a manter a sustentabilidade tanto de seu serviço hospitalar quanto do plano de saúde, por ser uma instituição verticalizada, a cooperativa encontrou na atenção domiciliar um meio para a melhoria da gestão de leitos, redução do tempo médio e custo das internações, entre outros fatores determinantes.
Por meio do Serviço de Assistência Domiciliar Unimed Vitória (Aduvi), desenvolvido há 16 anos, é que a cooperativa continua colhendo resultados positivos em um cenário em que ser resolutivo e enxuto virou questão de sobrevivência. A novidade do serviço está na contratação de um enfermeiro auditor, com custo anual médio de aproximadamente R$ 92 mil, para realizar visitas semanais ao hospital próprio Unimed Vitória e os 15 credenciados a fim de identificar os pacientes com perfil para o atendimento em domicílio.
O primeiro desafio, segundo o diretor-presidente da Unimed Vitória, Márcio de Oliveira Almeida, foi a identificação de um profissional com perfil de negociação, visto que trataria com públicos e demandas distintas. Com o início do projeto [em fevereiro de 2013], nos deparamos com outro desafio, o acesso aos hospitais da rede credenciada. Construímos então uma relação de confiança a partir destas parcerias, conta, lembrando que a melhoria de interfaces, através de feedbacks contínuos possibilitou com que o processo de desospitalização fosse trabalhado de maneira mais objetiva.
A conquista mais crítica para a Unimed foi trazer o médico assistente para dentro do processo, valorizando sua participação e poder de decisão. O médico assistente envolvido na desospitalização é o maior parceiro da equipe de assistência domiciliar, explica.
Com um time formado por cerca de 200 profissionais, a Aduvi realizou em 2013 mais de 4 mil atendimentos, tendo uma média de 360 pacientes por mês. O enfermeiro captador (ou auditor) avalia os pacientes que estão internados há mais de 15 dias, com o consentimento do médico assistente, que também avalia se devem continuar ou terminar o tratamento em casa. Depois, a eventual possibilidade de desospitalizar é discutida com a família, que acaba recebendo treinamento de enfermeiros para o cuidado do paciente em casa.
Além da aceitação dos profissionais, outra questão previsível era a judicialização. Por isso, com apoio da assessoria jurídica, foi criado um Comitê Multidisciplinar de Desospitalização, no qual os casos mais complexos são debatidos sob diferentes focos: assistencial, operacional, social, financeiro e jurídico.
Para Almeida, o grande valor do projeto é poder acompanhar o custo efetividade de um serviço próprio por meio de indicadores antes não aferidos. Para ter uma ideia, a economia gerada em um ano chegou a mais de R$ 2,5 milhões. Um exemplo mais concreto está no custo de R$ 5,1 milhões, de 77 pacientes em um período de 6 meses antes da desospitalização; enquanto nos seis meses após foi de R$ 2,6 milhões, ou seja, 50% a menos.
O executivo garante, ainda, que houve 50% de redução no tempo da triagem e indicadores de satisfação dos clientes assistidos acima da meta de 90% e lembra que menos de 5% destes pacientes retornam ao hospital.