Em um ato simbólico, médicos, enfermeiros e funcionários da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo abraçaram o prédio da instituição na manhã de sexta-feira (12). Organizadores disseram que cerca de mil pessoas participaram do protesto.
O objetivo foi chamar a atenção das autoridades para a crise financeira da instituição. Uma auditoria feita pela empresa BDO Brazil, a pedido da Secretaria de Saúde do Estado, divulgada na quinta-feira (11), constatou que o montante devido soma mais de R$ 773 milhões, quase o dobro do valor anunciado em setembro pela direção da instituição. Não queremos que a Santa Casa morra, disseram os manifestantes.
O ato foi organizado pelo corpo clínico, que preferiu não comentar o assunto. Os manifestantes se reuniram em frente à capela, onde receberam uma benção. Depois, deram as mãos em torno do prédio da instituição, considerado o maior centro de atendimento filantrópico da América Latina.
Problemas
Nesta sexta-feira, por volta das 12h, os sindicatos dos trabalhadores da saúde se reúnem para decidir se paralisam as atividades. De acordo com a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo, a Santa Casa confirmou que antes do dia 17 não haverá pagamento. Os trabalhadores estão com os salários de novembro e o 13° salário atrasados.
Participarão da reunião o Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo, o Sindicato dos Enfermeiros do Estado e o Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem em Serviços de Saúde de São Paulo. Os funcionários podem iniciar a greve a partir da próxima semana.
Em nota, a Santa Casa informa que, em reunião na quinta-feira, a direção da entidade tomou conhecimento do resultado da auditoria contratada pela Secretaria de Saúde do Estado. A cifra é resultado da soma das dívidas de longo prazo, tais como obrigações previdenciárias, e das dívidas de curto prazo, entre elas, compromissos com fornecedores, funcionários e credores. É importante ressaltar que uma vez descontados do valor do endividamento bruto total [R$ 770 milhões] os ativos caixa disponível, aplicações financeiras, contas a receber, por exemplo , existe um saldo de dívida líquida da ordem de R$ 450 milhões, conforme divulgado em setembro pela Superintendência da Santa Casa.
Em relação à denúncia de irregularidades em contratos, a direção da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo informou que ainda não recebeu notificação das autoridades, "mas tem todo o interesse em conhecer e se compromete a apurar qualquer irregularidade que porventura exista na instituição de forma a adotar as medidas necessárias.