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Fiocruz obtém patente por desenvolvimento de vacinas

“Além dos benefícios práticos, a patente é um reconhecimento de que a Fiocruz tem capacidade técnica e de inovação nesta abordagem”

No final de 2012, um estudo publicado na revista científica Nature comprovou que uma abordagem inovadora poderia ser utilizada para buscar uma vacina contra a Aids. Por trás da descoberta estava um método desenvolvido na Fiocruz para elaborar imunizantes contra diversas doenças utilizando como base a vacina para a febre amarela. 






Recém-patenteada nos Estados Unidos, esta tecnologia – criada pelos pesquisadores Myrna Bonaldo, chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), e Ricardo Galler, do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) – agora é reconhecidamente uma invenção brasileira, com propriedade intelectual protegida pelo United States Patent and Trademark Office (UPTO).

A patente foi concedida à Fiocruz no dia 09 de setembro, após quase dez anos de tramitação. “Além dos benefícios práticos, a patente é um reconhecimento de que a Fiocruz tem capacidade técnica e de inovação nesta abordagem”, afirmou Myrna. 

Após a concessão da patente, os interessados em utilizar a metodologia desenvolvida na Fiocruz para produzir vacinas precisarão de autorização da instituição, que pode ser remunerada por isso. O prazo de proteção da invenção é de 20 anos.


Aplicada desde 1937, a vacina contra a febre amarela está na base da metodologia patenteada. Para prevenir a infecção, este imunizante utiliza vírus vivos atenuados, capazes de se multiplicar no organismo do paciente em quantidade limitada, que não é suficiente para provocar a doença. Assim, as células de defesa podem aprender a reconhecer o patógeno, ficando prontas para responder rapidamente em caso de uma possível infecção. 


Considerando a segurança e a eficácia desta vacina, os pesquisadores da Fiocruz decidiram utilizar os vírus atenuados da febre amarela para prevenir outros agravos. Através de engenharia genética, eles desenvolveram um método para inserir genes de outros micro-organismos no material genético destes vírus. O resultado é a criação dos chamados ‘vírus recombinantes’, que podem ‘ensinar’ as células de defesa dos pacientes a reconhecer outras infecções.

De acordo com Myrna, a metodologia pode ser usada contra diversas doenças. No momento, estudos no Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus são desenvolvidos com vírus recombinantes com genes do parasitoTrypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas. 


Além disso, as pesquisas relacionadas a uma possível vacina contra a Aids prosseguem em colaboração com os cientistas dos Estados Unidos. Um dos objetivos do trabalho é manipular o genoma viral para que o patógeno tenha uma proliferação mais intensa e se torne ainda mais capaz de estimular o sistema imune. “Nós já temos uma metodologia que gera vírus recombinantes estáveis e capazes de induzir a imunidade, mas trabalhamos com o aprimoramento contínuo dessa estratégia. Considerando o êxito da vacina contra a febre amarela e a forma excelente como ela atua sobre o sistema imune, acredito que esta plataforma pode ser cada vez mais efetiva”, destaca a cientista.

Aids como exemplo
A pesquisa sobre vacinas contra a Aids é um bom exemplo de funcionamento da estratégia. O trabalho é liderado pelo cientista David Watkins, da Universidade de Miami, e realizado em parceria por pesquisadores americanos e brasileiros. Os testes divulgados na revista Nature foram realizados nos Estados Unidos, com macacos, que são considerados o melhor modelo de estudo da doença.  


Fonte: Ascom IOC