Um recente editorial no New England Journal of Medicine apresenta casos que defendem a coordenação de cuidados assistida por tecnologia. Quando Matthew J. Press, médico do Weill Cornell Medical College, descreve o caso de Sr. K, um paciente de 70 anos, que sofre de câncer no fígado e pedras no rim, fica claro que sua complexa série de consultas e procedimentos inter-relacionados, envolvendo outros 11 profissionais, não seriam possíveis sem a TI.
Como seu clínico geral, Dr. Press coordenou a jornada de 80 dias do Sr. K por todo o sistema de saúde, com a ajuda de 32 e-mails, oito telefonemas e acesso aos dados clínicos do paciente no registro eletrônico de saúde. Esta colaboração, aprimorada pela TI, entre diversos médicos, permite que o Dr. Press detecte desiquilíbrios em eletrólitos, ajuste o regime de medicamentos do paciente conforme sua condição muda e garantiu que ele recebesse a cirurgia necessária.
Diversos relatórios independentes confirmam o valor terapêutico deste tipo de cuidado coordenado. Quatro de 11 programas que fazem parte do Medicare Coordinated Care Demonstration, por exemplo, foram capazes de cortar internações em 33%, entre pacientes de risco. Eles realizaram a façanha com a ajuda de enfermeiros, que agiram como coordenadores de cuidados, avaliando pacientes, desenvolvendo planos de tratamento e especificando necessidades especiais e lacunas.
Os enfermeiros também ensinaram aos pacientes sobre o valor da aderência aos regimes de tratamento e do monitoramento próximo ao longo do estudo. Alguns programas também incentivaram médicos a aderirem às diretrizes clínicas baseadas em evidências ou os médicos foram alertados pelos coordenadores de cuidados sobre pacientes que não estavam tomando os medicamentos ou recebendo cuidados preventivos.
Porém, a má noticia é que nenhum dos programas gerou economia de gastos ao Medicare, de acordo com Randall S. Brown, diretor de pesquisa de saúde da Mathematica Policy Research, em Princeton, N.J. E, como se tratava de projetos de demonstração, foram projetados para durar por período fixo, para determinar se as intervenções funcionariam. Foram, então, interrompidos.
Da mesma forma, o National Center for Policy Analysis aponta que entre os 29 programas de coordenação de cuidados patrocinados pelo Medicare, apenas um conseguiu reduzir gastos.
E, o que nós podemos fazer em meio a boas e más noticias? Como eu já escrevi nesta coluna, precisamos desesperadamente reinar sobre os preços absurdos do nosso sistema de saúde, e o fato de que ainda não conseguimos a equação econômica exata não deveria impedir que provedores de sistemas de saúde seguissem em frente. Enquanto os esforços da coordenação de cuidados não reduzem gastos, também não deixam dúvidas de que salvam vidas. E há, de fato, programas que mudam o foco para eficiência econômica.
O SaferMD é um dos mais promissores. O SafeMD é um sistema de colaboração/coordenação de cuidados com um único objetivo: reduzir problemas de comunicação que colocam pacientes em risco. Qualquer pessoa que já passou algum tempo em um hospital conhece esses perigos: o mesmo medicamento é administrado erroneamente, no mesmo paciente, duas vezes em uma hora; resultados de exames críticos chegam à mesa do médico quando já não podem mais ajudar em um diagnóstico capaz de salva vida. A lista é extensa. Nos EUA, falhas na comunicação de resultados de exames geram cerca de US$ 5 bilhões em processos de erros médicos. O SaferMD oferece aos assinantes diversas ferramentas para reduzir esse número.
O software SaferMD realiza essa façanha analisando resultados de testes conforme eles se movem pelo sistema de saúde. Ao monitorar notificações de resultados de exames conforme eles se movem entre laboratório e médicos, o software verifica se o exame chegou à pessoa certa e, mais importante, que um médico viu, de fato, os dados dentro de um período razoável. A empresa diz que isso ajuda provedores de serviços de saúde a economizar bastante dinheiro ao reduzir gastos com seguro contra negligencia. Estima-se que um provedor de saúde de médio porte possa economizar até US$ 1 milhão por ano usando esse sistema de verificação.
Coordenação de cuidados pode não ser a cura que os responsáveis por politicas econômicas esperavam, mas causa muito impacto onde realmente interessa.