Campinas nasceu e desenvolveu sua vocação em torno de competências que julgo importantíssimas para a região e para o país como saúde, tecnologia, educação e pesquisa. Porém, o progresso nessas áreas tem sido lento e ineficiente, sobretudo pelo investimento tímido, burocrático e enfraquecido por questões tributárias e alto custo do capital.
Criei em 2011 a Jequitibá Investimentos, em Campinas, para auxiliar empresas privadas a atingir objetivos de valor por meio da eficiência, crescimento, melhoria de resultados e captação de recursos. Nesse processo, utilizo as melhores práticas de gestão e governança corporativa. Invisto ainda em mercados estratégicos, adquirindo participação em outras empresas. Nos últimos 20 anos, liderei vários processos de reestruturação, capitalização, fusões e aquisições, assim como de desenho e implantação de estratégias empresariais, com forte atuação no setor da saúde.
E é por isso que inicio minha participação no Saúde Business 365 falando sobre a situação da saúde, onde tenho atuado com destaque, sendo necessário, inicialmente, contextualizar a cidade. Décimo município mais rico do País, Campinas é responsável por 10% da produção científica nacional, sendo o terceiro maior polo de pesquisa e desenvolvimento brasileiro. As classes média e média alta (B e C) predominam, representando 74% da população. A renda média familiar mensal é de R$ 3.626 (14% superior a média da Região Metropolitana).
Em levantamento recente, constatamos que a cidade possui 24 hospitais (a maioria particulares), 36 clínicas médicas e 8 laboratórios. São mais de 2600 leitos na cidade, segundo o Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES) e a relação média de habitantes por leito em Campinas é de 416 pessoas/leito. Comparando com dados nacionais, a relação encontrada ainda não é satisfatória, havendo a necessidade da inclusão de mais de 1.725 leitos na cidade.
A oferta global de serviços de saúde privada da cidade não obteve má avaliação em nossa pesquisa, porém, de forma particular, a carência por serviços como hospitais e maternidades foi salientada pelos entrevistados. A relação entre população e leitos em hospitais na cidade embasa essa avaliação. A pesquisa apontou que a maioria da população considera necessária a realização de investimentos em infraestrutura de saúde como, por exemplo, em um hospital privado de primeira linha, mais moderno. Nesse novo hospital, o objetivo da população é contar com profissionais qualificados, atendimento de qualidade, várias especialidades e boa infraestrutura, com equipamentos de última geração.
Em todo o país, a saúde não consegue esconder uma fragilidade notada por todos os personagens que integram esse setor usuários, profissionais, empresários e autoridades públicas. E o cenário não é diferente em Campinas. É praticamente um consenso o fato de que ainda é preciso avançar muito para que a saúde atinja níveis satisfatórios a toda a população.
Com o aumento da renda, um contingente significativo de pessoas, antes usuárias do SUS, buscam no sistema de saúde complementar a segurança no atendimento que o sistema público não oferece. Com isso, cresce anualmente o número de beneficiários dos planos e também de usuários dos hospitais privados, que precisam manter sempre a qualidade do atendimento, os investimentos em tecnologia e em recursos humanos e ampliação física para atender ao crescimento dessa população.
Este é um excelente momento para a discussão sobre novos investimentos na área de saúde privada em Campinas. Os avanços tecnológicos tem sido notáveis nas áreas de pesquisa, diagnóstico, tratamento e cirurgias, mas chegamos agora ao ponto de discutir também a necessidade de novos hospitais que trarão ganhos para toda a população da região.
*Sócio-diretor da Jequitibá Investimentos, assessoria financeira especializada em fusões, aquisições e consultoria empresarial - marcos@jequitibainvest.com.br
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