Não vou citar o nome das empresas deste post, primeiro porque o objetivo não é embaraçar alguém, e segundo porque nos casos de sucesso e nos casos de fracasso, sempre existem pessoas do bem e do mal em qualquer tipo de organização.
Isto posto ...
As pessoas mais próximas sabem que uma das maiores frustrações da minha carreira foi não ter conseguido implantar a Gestão do Ciclo de Vida dos Contratos em uma famosa fundação.
Fundações são organizações extremamente complexas já na definição da sua missão. A maioria se forma de instituições que existem para dar apoio a uma empresa pública, mas pessoas que acabam atuando como gestores delas confundem a essência da sua existência, e esta confusão gera um grande problema quando o assunto é o contrato.
Nesta convivência de mais de 10 anos atuando em projetos de gestão de contratos pude atestar que trabalhar gestão de contratos em empresas privadas e em empresas públicas, por mais tabus, interesses e vícios culturais que a empresa possa ter, é mais simples do que tratar o assunto nas fundações, justamente porque ela não se posiciona nem como empresa pública, nem como privada.
Participei, por exemplo, da implantação da GCVC em uma das maiores empresas públicas do Brasil, em uma das maiores construtoras do Brasil e em uma das empresas mais importantes do setor energético do Brasil. Posso afirmar estes mega projetos comparados ao de uma pequena fundação foi menos dolorido, porque os dirigentes estão mais alinhados à missão da empresa.
Este paradoxo existencial de alguns dirigentes de algumas fundações, quando inadequadamente embasada pela área jurídica cria um cenário que no interior poderia ser rotulado como mixórdia !
Não se posicionam claramente se devem seguir a lei 8.666, mesmo que seu estatuto não faça qualquer menção a ela. Enquadra contratações de acordo com faixa de valores e tipos de contratação sem qualquer tipo de fundamento, e engessam os processos de contratação e de gestão dos contratos como se isso fosse evidência de transparência ou coisa do tipo. Na verdade o processo rebuscado, complexo e inadequadamente burocrático acaba favorecendo os negócios sinistros.
Este caso de não conseguir implantar a GCVC em uma fundação é citado nos cursos, porque a atitude de um executivo e de um gestor da área jurídica que estão acima do bem e do mal me deixou menos chateado do que o prejuízo que eles mesmo tiveram (e continuam tendo) para proteger seus interesses pessoais.
O que me recompensa foi ter conseguido implantar GCVC em outra fundação no segmento da saúde que resultou em significativo aumento de receita, e estar implantando neste momento em duas: uma na área da saúde e outra fora dela, já sendo possível estimar os resultados que terão na redução de custos, riscos e demandas judiciais.
Quando falamos de gestão de contratos no Brasil sempre evidenciamos que ainda estamos muito atrasados. Quando comecei a estudar e atuar neste tema cheguei a me perguntar se valia a pena investir nisso, mas a certeza de que estávamos muito mal na fita foi justamente o incentivo de que, como tínhamos muito para fazer, deveria ser uma boa oportunidade de investimento pessoal.
E foi.
Pude acompanhar o surgimento de diversos cursos. Muita gente boa falando sobre temas específicos, e uma grande legião de profissionais que deixaram de ser meros compradores e auditores de contratos, e passaram a ser gestores de contratos.
Pude acompanhar empresas abandonando aquela estrutura tradicional e inadequada que chamavam de gestão de contratos, e que só servia para dizer o que está errado, para estruturar áreas de apoio à gestão que existem para auxiliar o gestor do contrato. Trocaram a eficiência em dizer que está tudo errado, passaram a agir com eficácia, evitando o erro !!!
Só o nosso Modelo GCVC já tem mais de 1.800 profissionais certificados, o que me enche de orgulho agora com a oferta da certificação à distância a legião certamente vai crescer mais rapidamente. Se estimarmos os certificados em outros bons cursos, estimo que temos no Brasil algo em torno de 20.000 profissionais que atuam diretamente em contratação e em apoio à gestão. Ainda é pouco, mas convenhamos que comparado há alguns anos atrás é um grande avanço.
Na área pública a própria lei obriga as empresas a se estruturarem de forma adequada.
Na área privada, o lucro toma conta disso: o sucesso do negócio através da gestão eficiente dos contratos é a métrica principal do CLM americano.
A última barreira que estamos quebrando é a resistência das fundações. Me permito afirmar isso e me posicionar de forma otimista porque não estou ouvindo de alguém que as fundações estão avançando ... estou participando diretamente disso !