A tendência de concentração que já há alguns anos tem movimentado o mercado brasileiro de saúde suplementar derrubando pequenas operadoras e unindo carteiras de clientes das grandes parece estar arrebatando também as cooperativas médicas, responsáveis por 18,7 milhões de vidas até março de 2014, ou cerca de 37% do total de pessoas que pagam por planos de assistência privada.
Um indicativo são as mudanças anunciadas na região noroeste paulista: a Unimed de Avaré deu o pontapé do projeto de união administrativa com a Unimed Bauru movimento já observado, por exemplo, na Unimed Betim, em Minas Gerais, incorporada pela Unimed-BH.
A fusão entre as cooperativas do interior paulista está em fase de estudos, iniciados após uma reunião, realizada em 14 de julho, entre os presidentes das duas cooperativas (Benami Francis Dicler e Orlando Costa Dias, respectivamente) e o superintendente da Unimed do Brasil, Adriano Leite Soares.
Atualmente, a cooperativa de Avaré tem 15,7 mil beneficiários, enquanto a irmã bauruense tem aproximadamente 88,8 mil. Com o aumento das exigências da ANS e das demandas por serviços de saúde, a operação passou a ser muito custosa, explica Edevard José de Araújo, diretor de marketing e desenvolvimento da Unimed do Brasil.
Para Benami, da Unimed de Avaré, a operação vai fornecer melhores condições de prestação de serviços aos usuários ao remunerar melhor os cooperados e solucionar deficiências de atendimento em Avaré e sua região de abrangência. Além disso, a Unimed Bauru poderá injetar recursos para a abertura de um hospital, na implantação de um Pronto Atendimento ou em investimentos para a rede credenciada.
Os dois presidentes firmaram um acordo para contratação de uma empresa de consultoria especializada em fusões corporativas, para apresentar uma proposta formal aos cooperados (que precisará ser avaliada e aprovada em assembleias das duas cooperativas) e, em seguida, à Agência Nacional de Saúde Suplementar.
Mercado
Segundo Araújo, a fusão entre cooperativas fisicamente próximas é benéfica por dois motivos: diluição dos custos administrativos e, claro, dos riscos com a sinistralidade. Se eu tiver ali dois ou três pacientes com uma doença grave, que custem muito, há prejuízo de todo o orçamento e da margem das cooperativas, que já é muito pequena.
Além disso, fusões podem ser benéficas para a melhoria e ampliação dos serviços médicos prestados pelas cooperativas envolvidas. Com mais caixa disponível e menos riscos, é possível investir mais na rede de serviços da prestadora menor. Pode ser inclusive parte do acordo [de fusão], explica Araújo.
A Unimed Brasil vê o movimento com bons olhos. O enxugamento, explica o diretor da Unimed do Brasil, pois o número de cooperativas do tipo no Brasil não é lógico. No entanto, esse movimento não deve ser tão rápido quanto entre as operadoras convencionais, uma vez que este tipo de operação tem toda uma questão política por trás.
Se a ANS, ao regular [o setor de saúde suplementar], diminuiu o número de operadoras, ocorre uma melhoria no sistema. Isso tudo é feito seguindo os ritos legais. A Unimed que vai incorporar tem que assumir o cliente, sem prejuízos, e segue uma serie de regras, pondera.