Antigamente, no
interior, a gente tinha o costume de fazer pamonha. Família e amigos
se juntavam para colher o milho na plantação e, então, era a vez
das crianças brincarem de descascar as palhas. As mulheres, por sua
vez, costuravam as trouxinhas em que o recheio seria colocado. Estas
etapas poderiam durar o dia todo, porque, até então, o tempo não
era algo a se perder, somente a passar. Havia um motivo para todos
estarem ali, como um ritual a unir meninos e homens.
Eu nasci e cresci
durante parte da infância em Álvares Machado, no interior de São
Paulo, cidade próxima a Presidente Prudente, hoje com menos de 25
mil habitantes. E a memória daqueles dias de conversa fácil e
relacionamento sem pressa tomou meus pensamentos depois que assisti à
palestra do filósofo Mário Sérgio Cortella no IT Forum. Ele me
lembrou também de que, nos dias atuais, existem disk pizza e
smartphones histéricos. Nostalgia à parte, fica a essência
daqueles momentos: o prazer de estar junto e dividir alegria. Coisa
de gente do mato.
O meu time está
acostumado a me ver agitado, peregrinar de um lado para o outro,
quando recebemos as pessoas na casa IT Mídia. E na abertura do IT
Forum deste ano, olhei para as mil pessoas que ali paravam para me
ouvir e pensei: será que vamos conseguir fazer com que elas se
sintam bem aqui durante os quatro dias pela frente? Conseguiremos
criar um ambiente prazeroso, onde todos possam conversar, se divertir
e, claro, fazer negócios?
Eu tinha muita
segurança de que iríamos entregar um grande fórum - desta vez, com
uma série de mudanças em termos de conceito e formato. Teríamos,
certamente, um momento produtivo e rico em oportunidades de negócio
para convidados e patrocinadores, que sempre têm uma alta
expectativa quanto ao evento. Mas, acima de tudo, eu queria que as
pessoas se sentissem felizes, pois este é o momento em que a IT
Mídia consegue mostrar a sua essência.
Quantas semelhanças
existem entre as diferenças. No fundo, eu e o Miguel [Petrilli, meu
sócio e parceiro leal na construção do sonho chamado IT Mídia],
somos dois caras do interior que gostam de conversar e reunir
pessoas. No fundo, continuamos a fazer pamonha.