Atualmente, muito se fala sobre o cuidado com a saúde do trabalhador, que deixou de ser uma preocupação pessoal e virou uma questão importante de estratégia em grandes empresas. Já é sabido que gerar programas que prezem pela qualidade de vida dos empregados aumenta a produtividade e reduz o índice de acidentes de trabalho.
Além de mostrarmos os resultados da pesquisa da CPH Health, iremos trazer um exemplo ao final, de como a Alcoa (Gigante do Alumínio) aumentou em 5x seu lucro líquido em um ano, e sua capitalização de mercado, ao focar na saúde do trabalhador e sua segurança.
A pesquisa da CPH Health, empresa no setor de saúde coorporativa, foi feita com 194 mil empregados de 200 companhias brasileiras, afim de descobrir como anda a saúde do trabalhador no Brasil o levantamento chegou à conclusão que 49% dos funcionários estão estressados de alguma forma significativa. Foi revelado também que 76% deles praticam atividade física insuficiente, 68% trabalham sentados a maior parte do dia, 48% têm elevado nível de ansiedade e 45% estão acima do peso ou obesos.
No Brasil, empresas como a DuPont América do Sul, Oracle do Brasil, Taurus, Novartis Farma-Brasil, Hospital Universitário da PUC Paraná entre outras já estão cientes do problema e criando soluções para melhorar a saúde do trabalhador.
No Reino Unido, uma colaboração das companhias PruHealth, Mercer e The Sunday Telegraph, gerou o Britain's Healthiest Company, um prêmio que visa divulgar empresas que se preocupam com a saúde do trabalhador, dando também à outras firmas inspiração para que elas sigam seus exemplos. O Britain's Healthiest Company ainda entrega aos participantes um relatório de bem estar da companhia, fazendo com que elas tenham noção de como estão seus empregados e quais pontos precisam de atenção.
A seguir, veremos as três empresas destaque, e como elas estão dando um passo à frente na questão da saúde do trabalhador:
Quintiles
A empresa biofarmacêutica, vencedora do prêmio de 2013, começa seu programa de bem estar coorporativo com um site, onde empregados podem encontrar informações e ferramentas sobre saúde, além de participar de atividades online como workshops, e ainda ler histórias inspiradoras de outros colegas.
A companhia oferece também um reembolso para atividades físicas realizadas pelos funcionários, dando a eles premiações de até 360 libras anuais para se exercitarem. Os empregados podem pedir para que a empresa ainda pague por metade de seus equipamentos de ginástica e suas inscrições em academias.
Atualmente, a Quintiles está com um novo programa de saúde do trabalhador, chamado “Are you veggin’?”. Ele consiste em um desafio onde os empregados mantêm um relatório da quantidade de frutas e vegetais que eles consomem. O objetivo é consumir duas porções de frutas, e três de vegetais por dia, seis dias por semana. Quem alcança a meta recebe uma premiação em forma de cartão presente.
"Na Quintiles, o nosso pessoal está no centro de tudo que fazemos. Os pacientes e clientes não podem se beneficiar se nós, os funcionários, não estamos bem. Fundamentalmente nós fazemos isso porque é a coisa certa a fazer", disse Jacqui Riches, gerente de bem estar da empresa.
Adidas
A Adidas UK venceu a categoria empresas médias de 2013, que se destina à companhias que possuem menos de mil empregados. A firma criou seu programa de saúde do trabalhador ao escutá-los e observar suas necessidades.
Na empresa, os funcionários contam com um médico todas as segundas-feiras. "Ao invés de sentir-se mal no fim de semana e, em seguida, na segunda-feira, ficar em casa para tentar conseguir uma consulta com o seu próprio médico, as pessoas podem vir ao trabalho", disse Tricia Kalloo, chefe executiva de bem estar internacional da companhia.
A Adidas também percebeu que problemas musculares entre os empregados estavam crescendo, então, a empresa contratou serviços fisioterapêuticos, como massagistas e quiropratas. As questões de alergia a alimentos também foram reparadas pela companhia, que começou a minimizar os riscos de alimentos servidos, além de oferecer uma variedade maior de mantimentos.
Atualmente, a companhia está trabalhando em um programa de redução de stress, onde os empregados podem procurar apoio em seus colegas. “Nós estamos trabalhando com gerentes para ajudá-los a identificarem pontos de pressão. Gerentes podem chegar aos empregados - ou os empregados irem a eles e dizerem 'Eu estou com problemas' - e ajudá-los'', disse Kaloo.
Alcoa
Um caso muito famoso é o de Paul O'Neill, que assumiu a presidência da Alcoa em 1987 em meio a uma grande crise financeira da empresa, e repleta de acidentes de trabalhado graves. Na apresentação de posse os acionistas da empresa ficaram confusos com O'Neill, que terminou seu discurso com a seguinte frase: "Não tenho certeza se vocês me ouviram. Se vocês querem entender a situação da Alcoa, precisam olhar os números de segurança dos nossos locais de trabalho. Se diminuirmos nossos índices de acidentes, não será devido a um esforço motivacional ou às baboseiras que às vezes ouvem de outros diretores executivos. Será porque os indivíduos desta empresa concordam em se tornar parte de algo importante: dedicam-se a criar um hábito de excelência. A segurança será um indicador de que estamos fazendo um avanços em mudar nossos hábitos em todo o âmbito da instituição. É assim que deveríamos ser avaliados." - Frase extraída do livro "O Poder do Hábito" de Charles Duhigg
Resultado do foco em segurança do trabalhador, dado pelo presidente da Alcoa, foi de alta recorde nos lucros da empresa em menos de um ano. Ao aposentar-se do cargo em 2000, o faturamento líquido anual da empresa era 5x maior do que antes de ele chegar, sua capitalização de mercado cresceu em US$ 27 bilhões de dólares.
Saúde e segurança estão na base da pirâmide de necessidades de Maslow. O'Neill acreditava que se conseguir mudar a cabeça dos funcionários para buscar excelência em segurança e saúde, todos se uniriam para fazer a empresa - que se preocupava com sua saúde e segurança - crescer a partir do momento que se vissem parte da empresa, como uma família.