Em maio desse ano a research2guidance - em parceria com Continua Health Alliance, HIMSS e mHealth Summit Europe - lançou o maior report já produzido sob a ótica dos desenvolvedores, que mostra o tamanho das oportunidades no mercado de mHealth, segmentos de atuação, quais melhores práticas, o que move o setor, suas barreiras e as tendências que irão moldar o futuro do desenvolvimento de apps.
A pesquisa foi realizada com mais de 2.000 desenvolvedores espalhados pelo mundo, onde a América Latina é o 3º continente com maior número de respostas (12%), perdendo para EUA (38%) e Europa (36%).
Onde Estamos e para Onde Vamos?
Todo mercado tem suas fases, certo? Pois bem, nos EUA e Europa o mHealth já está na fase de comercialização, até então estava na fase de testes, onde não havia regulamentações, métricas, acesso ou impacto. Na fase atual essas características começam a aparecer. Ainda segundo a Research2Guidance, entrará na fase de Integração – última, já regulada, integrada e interoperável - de 2015/16 em diante.
Ano passado o mercado atingiu $2.4B de dólares em faturamento, e projeta-se um mercado de $26B de dólares em 2017. Apenas nos últimos 2,5 anos, o número de soluções mais que dobrou e atingiu 100.000 apps esse ano, no 1Q2014. Haverá também um predomínio das soluções que oferecem algum tipo de serviço, com 69% de participação do mercado em 2017.
Para surpresa do mercado, hoje o maior canal de distribuição do mHealth são os médicos (52%), que em 2012 era apenas o 3º maior canal. Atualmente os médicos estão à frente dos hospitais (49%), lojas de apps (47%), farmácias (38%) e sites (36%), respectivamente.
Como o Mercado está Dividido?
Dentre os mais de 100.000 apps, o predomínio fica por conta de soluções para o mercado fitness (30.9%), seguido dos aplicativos de referências médicas (16.6%) e Bem-estar (15.5%).
Em contrapartida ao cenário atual, os desenvolvedores tem focado seus esforços em apps para portadores de doenças crônicas (31%), usuários fitness (28%) e Médicos (14%).
Quanto às áreas com maior potencial de desenvolvimento, Diabetes ainda aparece em primeiro lugar (69%), seguida de Obesidade (39%), Hipertensão (29%), Depressão (22%) e Câncer (19%).
Quem se Destaca?
Como não é de se estranhar, a maior parte do faturamento fica por conta de uma pequena parcela de apps, dos chamados “Connectors” (Conectantes). São aqueles que se conectam a diversos outros apps e devices afim de gerar e compilar mais dados. Eles representam 5% do mercado de mHealth. Alguns desses apps se conectam com mais de 30 outras soluções.
O que se questiona muito é o modelo de negócios dessas empresas, como elas monetizam. Foi levantado que os produtores de devices se integram a diversos apps para criar canais de venda, a Withings por exemplo se integra a mais de 90 apps, e ganha com a venda de sensores, que vão desde balanças com bluetooth até esfigmomanômetros conectados a smartphones e tablets.
Em se tratanto das plataformas que estão no foco desses desenvolvedores, o estudo classifica os players como Milionários (Millionaires), Não Ganham Nada (Zero Earners) e Ganham Pouco (Low Earners). Embora a penetração do Android (Google) seja maior que o iOS (Apple), essa não é a plataforma predileta.
Quanto ao comentado antes - sobre a monetização desses apps - foi apurado que 3 modelos de negócio predominam na geração de caixa, através da cobrança de serviços (29%), apps pagos (24%) e venda de dispositivos (21%).
O Que Movimenta O Mercado?
Quanto ao drive de mercado, ou seja, o que o impulsionará nos próximos 5 anos serão o aumento da penetração de dispositivos capazes de cumprir a tarefa (58%), a demanda dos pacientes/usuários (43%) e a centralização da saúde em torno do paciente (39%).
Por outro lado, o que deve servir de barreira é a falta de segurança nos dados (34%), padrões (30%) e a falta de organização das lojas, o que diminui o potencial de descoberta do app (29%).
O que movimenta o desenvolvedor?
Essa parte poucos falam, pois o sonho seria ver em primeiro lugar como objetivo o impacto que a solução pode ter na saúde, mas a realidade é que o dinheiro movimenta o coração da maior parte dos devs. Porém nem tudo está perdido, enquanto o dinheiro ocupa o primeiro lugar (48.1%), a vontade de ajudar o setor fica em segundo lugar (46.6%).
Os Player Estabelecidos Não Tem Boa Atuação no Mercado
Talvez esse seja um seja um dos gráficos mais interessantes de todo estudo. É uma imagem de como a maioria dos Hospitais, Farmacêuticas e Seguradoras ainda patinam no mercado de mHealth, com baixo impacto.
Com o erro (opinião pessoal) de objetivo, que é valorização da marca e presença digital, não é de se espantar ao ver que a maioria deles não atingiu seus objetivos. O consumidor não está interessado em consumir conteúdo pouco relevante e que não resolve seus problemas, movimento que poucas grandes empresas percebeu ou se adaptou.
Como pode observar, a maioria das soluções não são utilizadas pelos usuários, não geram impacto financeiro positivo, e ainda contam com um enorme time de especialistas médicos. O que falta então? A visão de que a solução deve resolver um problema do paciente/usuário, e não apenas ajudar a posicionar a marca de maneira mais digital. Essa foi uma batalha que enfrentei entre 2012-2013, ao apresentar projetos para os grandes players, cujo objetivo era agregar valor direto aos pacientes, e aumentar a percepção de marca. Essa visão dos gestores está mudando, de maneira forçada, mas está.
O Que o Futuro Promete?
Embora o mercado esteja inundado por apps de fitness, e esses sejam considerados as soluções mais rentáveis, projeta-se que perderão força nos próximos 5 anos irão cair para 5º lugar como potencial de negócios (22.9%). Por outro lado, os que prometem se tornar as áreas mais interessantes da mHealth são as de monitoramento remoto (53%) e apps de consulta (38%).
Qual o Impacto do mHealth nos Próximos 5 anos?
A PwC já havia publicado reports demonstrando alguns dos impactos que essa tecnologia causará nos próximos 5 anos, porém a Research2Guidance reforça ao mostrar que o mHealth irá melhorar os resultados para o paciente (46.2%), aumentar a prevenção e educação (43.4%), reduzir custos (42.8%) e aumentar a interação médico-paciente (42.6%).
Escrevi recentemente que o mHealth já é reconhecido como uma forma de reduzir custos na saúde, e esse é um dos maiores combustíveis para o investimento no setor. Dentre as principais maneiras de redução, estão: reduzir os gastos com a baixa aderência a tratamentos (55.7%) e com readmissões e duração de internações (55.4%).
Recentemente as discussões em torno do mHealth aqui no Empreender Saúde têm sido muito interessantes. Colabore, comente sobre o que você pensa sobre os achados.
Clique no link se você tiver interesse em baixar o estudo completo sobre mHealth economics.