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Wearables pra Saúde: Por que o Buzz Afinal? (FitBit, Jawbone, etc)

Estamos inaugurando hoje a WearableWeek, um série de 5 artigos que estará cobrindo mais esse assunto que está em destaque em todas as principais mídias no mundo.

O que são wearable devices?

Como alguns traduziram para o português, dispositivos ou equipamentos “vestíveis” são verdadeiros computadores em forma de roupas, pra ser simples e direto. O que há de tão importante nisso? A resposta está em outras duas buzzwords muito comuns hoje: Big Data e Quantified Self.

Uma antiga frase dos professores de Harvard Kaplan e Norton, criadores do Balanced Scorecard, diz:”O que não se mede, não se gerencia”. E a história e a prática os provou corretíssimos, mostrando que pra de fato saber se houve melhora de algo, há de haver um indicador. E se esse indicador for quantitativo ainda melhor.

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A grande questão na saúde sempre foi: Como medir saúde? A Organização Mundial da Saúde tem a já antiga frase: "saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental, social e não apenas a ausência de doença". O problema é que nunca soubemos de fato como medir saúde? Um hemograma (exame de sangue) “normal” significa ausência de doenças como pensam os meus pacientes? (“Doutor, vim fazer um exame de sangue pra ver se está tudo bem, ele mostra tudo, né?”). Uma tomografia de corpo total com contraste “normal” significa ausiência de doença. Se você está lendo esse site, provavelmente sabe que não. Como então medir saúde? E quem deveria fazer isso?

Quando discutimos “saúde” em geral pensamos em hospitais, clínicas, postos de saúde, farmácias etc. Mas são esses os lugares de medir saúde ou das pessoas saudáveis? Um professor de semiologia da Escola Paulista de Medicina uma vez me disse:”Saúde é o silêncio dos órgãos”, se referindo à maneira como os pacientes referem seus sintomas. “Doutor, estou sentindo o fígado aqui do lado”, ou “Doutor, estou com dor nos rins”. Se você que está lendo, não está sentindo os rins ou o fígado, boas chances há de que esteja tudo bem. Mas quando esses órgãos rompem seu período de silIêncio e começam a demandar atenção, talvez seja a hora de visitar um médico, um hospital etc. Esses lugares são tipicamente os lugares de doença, poucas pessoas procuram o hospital porque estão saudáveis.

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Onde estão as pessoas saudáveis então? As pessoas saudáveis estão no parque correndo, estão no trabalho, estão no shopping, em restaurantes etc. Como então medir a saúde delas lá e de quem é a responsabilidade fazê-lo? (No Brasil, “responsabilidade” é um assunto complicado, já que saúde é direito de todos e dever do Estado, deveria o governo distribuir FitBits pra população?). Se a responsabilidade é do indivíduo, como medir saúde?

Essa é uma das principais promessas dos Wearables ou Wearable Devices. Se o médico te manda correr ou fazer outro exercício, ou se te mandar comer direito, como medir o quando correr de fato, ou se está dando resultado? Essa é a chave dos wearables. Devices como FitBit, Jawbone, Nike+, FitBug, Withings, Google Glass, etc.

Esses equipamentos, principalmente os de exercícios e qualquer atividade exercida pelo corpo que envolva movimento e forma geral, medem essas atividades, mais comumente dando resultados em número de passos, calorias queimadas, andares de escada subidos etc. Em tempo-real, com migração dos dados para a nuvem e compartilhando nas redes sociais, com os profissionais da saúde que te atendem, enfim, com quem quiser.

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E quais as vantagens disso?

- Medidas específicas de Resultados: Se antes saúde não podia ser medida, agora estamos mais próximos de ter métricas mais fidedignas que façam valer de fato a lição de Kaplan e Norton pra saúde, e não apenas pra doença;

- Medidas em Tempo Real: Você já deve ter ouvido a palavra gamificação ou gamification. A arte de utilizar os sistemas de pontuação e recompensas dos jogos para estimular ou desincentivar comportamentos especificos. O fato de essas medidas serem fornecidas em tempo real elas funcionam como um feedback positivo para que esses comportamento de saúde (como exercício ou emagrecimento), sejam repetidos e se tornem um hábito. O fato de as medidas poderem ser compartilhadas nas redes sociais também estimula fortemente o comportamento pois você não gostaria que seus amigos vissem que você foi preguiçoso e não correu hoje, certo? Ou o elogio deles / aprovação social quando você perde 1 kg, o faz querer perder mais, certo?

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- Medidas Passivas: Vamos tomar o exemplo do MyFitnessPal (Confira entrevista com a Tina Louise, responsável pelo MyFitnessPal no Brasil). O aplicativo registra quando de calorias você ingeriu por dia, e te dá feedback de quanto será seu peso em determinado tempo se continuar a mesma dieta. Por muito tempo, a medicina teve o “Dia Gástrico” ou “Avaliação de Consumo Alimentar”, em que os médicos pediam para os pacientes escrever em um papel tudo que comeram em cada dia por um período de uma semana ou mais. Os resultados eram péssimos porque poucas pessoas tem disciplina, paciência ou memória pra persistir nesse comportamento de anotar tudo.

O MyFitnessPal fez com que isso se tornasse mais fácil com o aplicativo, leitura rápida de código de barra de alimentos, entre outras coisas, o que facilitou muito o registro. Uma lei pra quem trabalha com saúde e comportamento: Quanto mais passiva a captação de dados do usuário, melhor vai ser a adesão. O MyFitnessPal ainda exige bastante do usuário, mas por tornar essa captação/registro de dados mais fácil, melhorou muito a adesão e se tornou um sucesso mundial (minha esposa perdeu 5kg em 4 semanas com o aplicativo e virou fã).

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Tomando como exemplo o FitBit, temos 3 em casa. Apenas tenho que colocá-lo no cinto ou no bolso e ele capta todas as calorias que eu queimei no dia, quantos passos eu dei etc. Funciona muito bem porquê é passivo. Basta eu me aproximar do computador e ele transfere todos os meus dados pra nuvem via bluetooth. Os dados “escapam” de mim e eu nem percebo. A única função dele que eu praticamente não uso é o registro de qualidade do sono. Por quê? Porque pra ele funcionar eu preciso apertar 1 (UM) botão dizendo que vou dormir e o mesmo 1 (UM) botão quando acordo pra dizer que acordei. Por exigir que eu seja qualquer coisa mais que passivo no registro desses dados, deve ter registrado no máximo 2 ou 3 noites de sono desde que comprei.

A maravilha dos wearable devices consiste ainda em todos os milhões ou bilhões de dados que podem ser obtidos a partir disso e toda a informação que sobre se aprender sobre a humanidade e sobre o funcionamento de cada indivíduo.

Os principais Wearables Devices no mercado hoje, com maior market share, de acordo com o NDP Group são o FitBit, o Nike FuelBand e o Jawbone UP, que juntos tem 97% do mercado de wearables pra fitness (NDP Group). O FitBit está bem a frente, com 68% do mercado (o que pode mudar depois do recall do FitBit Force), logo vem o Jawbone UP com 19% e o Nike Fuelband com 10%. Veja abaixo um perfil rápido das empresas:

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FitBit

A empresa foi fundada em 2007 por Eric Friedman (atual CTO) e James Park (atual CEO), e investida pelo Foundry Group (do famoso investidor Brad Feld), pela True Ventures e pela SoftTechVC. Seus produtos hoje incluem o FitBit One (tradicional parecido com o antio pager), o FitBit Zip (parecido com o anterior, porém mais feminino e menor), o Flex e o Force (pulseiras, pra competir com o Jawbone UP e com o Basis, recentemente investido pela Intel), e a Aria, uma balança bluetooth, mas direcionada para competir com a variedade de produtos da Withings.

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Jawbone UP

Há mais de 10 anos no mercado, Jawbone é muito conhecida por seus poderosos fones de ouvido anti-ruido, e mais recentemente pelo Jawbone UP, uma health tracker / fitness tracker em forma de pulseira, que ganhou muitos famosos como Gwyneth Paltrow. A empresa foi investida por fundos não poucos conhecidos que incluem Sequoia Capital (investidor de Google e Yahoo), Andreessen Horowitz (dos criadores do Netscape) e Khosla Ventures (do famoso Vinod Khosla, que criou a Sun MicroSystems e a linguagem de programação Java).

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Nike FuelBand

Lançado pela Nike em 2012, o device surfou toda a cadeia de distribuição da Nike, podendo ser comprado na maioria das lojas da marca, que o associou a muitos de seus outros artigos esportivos. Uma das principais coisas que pode tornar o Nike FuelBand um sucesso, além do fato de conter a marca Nike, é o programa Nike+ Accelerator, uma incubadora de startups focada em desenvolvimento de projetos e aplicativos para o Nike+, que inclui vários dos fundos citados acima e Dennis Crowley, por exemplo, CEO do Foursquare. Essa plataforma “aberta” de desenvolvimento de aplicativos associada à cadeia de distribuição da empresa pode fazer com que a Nike se torne para fitness o que a Apple se tornou em tecnologia: uma plataforma global para criação dos mais diversos aplicativos, distribuidos no mundo todo, fazendo a alegria dos consumidores, e fama e fortuna para muitos desenvolvedores e, claro, para a própria Nike.

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Mais de 90 milhões de Wearables serão produzidos no mundo ainda esse ano, e serão 170 milhões em 2017 então se você não se integrou a essa tendência, se prepare e continue acompanhando a WearableWeek no EmpreenderSaúde.

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