Nos próximos anos, as tendências globais de envelhecimento populacional tendem a se acentuar sobretudo nos países em desenvolvimento, sobre os quais paira o constantemente citado risco de envelhecer antes de ficar rico. A expectativa é que estratégias de mhealth possam ajudar cuidadores formais e informais na oferta de cuidado a idosos dessas localidades. Particularmente, os segmentos social, funcional e instrumental da vida dos cuidadores são citados como os que podem ser otimizados pelo aporte da mhealth.
No entanto, dado que são muitas as fontes de sobrecarga, a especificação das necessidades dentro desses segmentos é fundamental. Assim, destaca-se a possibilidade de se oferecer suporte emocional (cuidadores informais comumente se queixam de sentimentos de culpa, ressentimento ou hostilidade quando se veem obrigados a sacrificar suas vidas pessoais para cuidar de idosos), auxílio na gestão financeira (em alguns PBMR’s, serviços bancários não são difundidos por completo, o que impossibilita a transferência de renda de um parente vivendo em um centro urbano distante a um idoso que habita a área rural, por exemplo) e em atividades do cotidiano (fazer compras, limpar a casa, higiene pessoal, etc).
No report, alguns exemplos existentes de aplicação de mobile health para apoio a cuidadores são citados, como o Unfrazzled (um app para iPhone que ajuda na coordenação das várias atividades de cuidado) e o QMedic (um wearable device que além de monitorar a atividade física e o sono, avisa o cuidador se o idoso sofreu uma queda), dos EUA, assim como um case tailandês de reminder de medicação e de interação do idoso com sua equipe médica, e outro, sul-africano, que estimulou cuidadores a criarem seus próprio conteúdo para ser veiculado por mídias móveis a fim de promover educação sobre oferta de cuidado para comunidades com baixo acesso à informação.
Mesmo apostando nesse uso da ti na saúde, o autor reconhece que não se pode tomar as estratégias de mobile health como uma panaceia para a questão da oferta de cuidado para idosos. Assim, além de listar limitações à adoção desta forma de saúde digital, algumas intrínsecas ao contexto dos PBMR’s, como o alto grau de analfabetismo, outros mais gerais, como a questão da perda de privacidade ou a repulsa dos usuários em usar tecnologias que os rotulem como “velhos”, o relatório convoca a rede de envolvidos a fim de realizar o potencial existente, como desenvolvedores, pesquisadores, governantes, operadores de telecomunicações, profissionais da saúde, etc., ressaltando que sua ação conjunta deveria focar em pontos como valor, usabilidade, acessibilidade ao produto e oferta de suporte técnico.